No mundo antigo a construção de “torres de alerta” para navios era muito comum de forma a garantir uma navegação segura. O Farol de Alexandria não foi, portanto, a primeira torre a ser construída com essa finalidade. Suas dimensões, entretanto, eram tão impressionantes que sua localização, a Ilha de Faros, na entrada do porto de Alexandria, passou a designar esse tipo de construção a partir de então.
A geografia do Egito, particularmente da cidade de Alexandria, não possibilitava a construção de uma estrutura em um lugar alto, de onde pudesse ser avistada à longa distância, e assim guiar os navios em seu pedregoso e perigoso porto. A solução, então, foi a edificação de um enorme e esguio edifício de calcário e granito. Fontes antigas citam que sua altura alcançava impressionantes 135 metros.
Mas a questão geográfica não foi por si só o motivo de construção da tão gigantesca torre de pedra. Ptolomeu queria impressionar os visitantes e os locais, exaltando seu poder e glória. Incrivelmente, em anos posteriores, viajantes que descreveram o lugar não avistaram o nome do governante, e sim do arquiteto que o desenvolveu. Ainda segundo essas fontes, Sóstrates de Cnida, o arquiteto, utilizou de um artifício para que isso acontecesse. O nome de Ptolomeu realmente havia sido colocado no edifício quando construído, mas em uma grossa camada de cal que com o tempo foi dissolvida e revelou o nome do arquiteto.
O farol começou a ser construído por volta de 297 a.C. e durou cerca de quinze anos para ser concluído. As fontes antigas descrevem-no como uma estrutura em três níveis, cada uma em uma forma geométrica diferente (quadrangular, octogonal e cilíndrica), coroada por uma estátua de Zeus. Um magnífico sistema de espelhos permitia que sua luz fosse vista numa distância de até cinquenta quilômetros, e para manter as chamas acesas uma enorme rampa em espiral levava óleo combustível no lombo de mulas até o topo do edifício.
O farol passou centenas de anos guiando os navios e impressionando os visitantes. Diversos terremotos, entretanto, comprometeram sua estrutura e por volta do século XV, já em ruínas, foi transformado em uma fortaleza. Nos dias atuais o farol não mais existe, mas a fortaleza permanece como um dos monumentos mais visitados em Alexandria.
Para saber mais:
“Egito, um olhar amoroso” – Robert Solé
-- Thiago Amorim