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Estreito de Bósforo - pôr do sol |
Assentada no lado europeu da Turquia nos dias atuais, a cidade de Istambul foi durante muitos séculos a mais importante do mundo. Transformada em capital da Roma Imperial sob o reinado de Constantino, o Grande, a cidade fez fama em diversas partes do globo e sem dúvida foi a mais cosmopolita e interessante à sua época. Seus mercados eram disputados por povos diversos, entre os quais genoveses e venezianos; as inúmeras guerras para conquistá-la dariam belos filmes hollywoodianos (não compreendo porque a indústria do cinema não atentou para isso ainda).
Os tempos de glória nos Impérios Romano, Bizantino e Otomano ficaram para trás, mas Istambul ainda guarda o charme das mesquitas e das basílicas, além da convivência entre diferentes povos e a beleza da arquitetura oriental. Entretanto, a “troca de mãos” entre gregos, romanos e turcos, deixaram suas marcas. Peças artísticas e tesouros inestimáveis, como a estátua de Justiniano com a maçã em suas mãos, ou a Igreja dos Santos Apóstolos, onde os Imperadores bizantinos eram enterrados, há muito desapareceram.
O hipódromo construído por Constantino, por exemplo, trazia em seu arco triunfal a escultura em bronze de quatro cavalos. Roubados pelos cruzados em 1204, após o saque da cidade, eles hoje estão em Veneza, sobre o pórtico da Basílica de São Marcos.
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Mesquita Azul - Istambul |
Apesar dessas perdas ao longo dos séculos, Istambul ainda guarda relíquias de outrora. Entre suas principais atrações estão a Basílica Hagia Sophia, construída pelo Imperador Justiniano no século VI D.C., e transformada em mesquita pelos turcos após a queda de Constantinopla em 1453. Mesmo que quinze séculos tenham se passado desde a sua construção, a basílica (hoje um museu) mantém-se firme como elemento vivo do passado majestoso da cidade.
Ainda que se entenda a mágoa européia pela perda da cidade, a conquista turco-otomana acabou por dar-lhe novo fôlego. Na verdade, eles a salvaram da desgraça quando a conquistaram. Sob o Imperador Constantino XI, Constantinopla nada mais era que um punhado de vilas cercadas por muros. A população havia escasseado e a miséria estava presente em toda parte. Bizâncio, como resquícios de Roma não mais existia, e havia se tornado apenas um estado vassalo do Império Otomano.
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Cisterna da Basílica |
Assim, quando Mehmet II (um líder renascentista e modernista), adentrou as muralhas e transformou a cidade em sua capital, tratou de repará-la e devolver-lhe a glória. Inúmeras obras públicas foram construídas e muitas outras reparadas. Aquedutos foram consertados, templos e muros reconstruídos e palácios erguidos. Constantinopla se tornara, novamente, uma das cidades mais incríveis do mundo.
Entretanto, o Império, como todos os outros antes dele, chegaria ao fim. Quase quinhentos anos depois da conquista, a cidade teria seu nome modificado, perderia o status de capital e se tornaria apenas um posto avançado dos turcos na Europa. Sua localização, contudo, a torna uma das mais importantes do mundo, já que o estreito de Bósforo é um elemento importante para a geopolítica e economia mundiais.
-- Thiago Amorim
Curiosidades:
* Istambul é a antiga Constantinopla. Seu nome permaneceu após a conquista turca e apenas no século XX foi modificado;
* Apesar de se destacar como um dos mais famosos templos da cidade, a Hagia Sophia não é o maior. A mesquita azul, construída por Ahmed I, tem esse título desde o século XVII;
* A Basílica dos Santos apóstolos, edifício que inspirou a construção de São Marcos em Veneza, deu lugar a mesquita Fatih em anos posteriores à conquista da cidade;
* O Hipódromo foi destruído, mas hoje em dia há uma praça na cidade, no local onde o mesmo se erguia que mantém o traçado da sua construção;
* O mercado de Istambul é ainda hoje um dos mais diversificados do mundo e atrai visitantes de todas as partes do planeta;
* A cisterna da basílica, construída por Justiniano no século VI, é umas das atrações mais visitadas.
* Estuda-se a possibilidade de devolução da Basílica Hagia Sophia à Igreja Ortodoxa;
Para saber mais:
O Império Otomano – Donald Quataert;
História das cruzadas, vol. I, II e III – Steven Runciman;
1453, a queda de Constantinopla- Steven Runciman;
1453: A Guerra Santa por Constantinopla e o confronto entre o Islã e o Ocidente – Roger Crowley