A fundação da Igreja aconteceu em
um momento crítico para o Império Romano. Antes de subir ao poder, Constantino,
o Grande, teve de enfrentar revoltas e lutar contra poderosos inimigos que
ameaçavam o seu lugar como Imperador. Após anos e anos de guerras civis,
finalmente a paz havia sido restaurada, mas novos problemas apareciam a cada
dia. A crescente onda migratória dos povos do norte da Europa e as ameaças nas
fronteiras setentrionais e orientais, o fizeram mudar a capital de Roma para
Constantinopla, já que assim, o centro de poder ficaria mais próximo dos
conflitos.
A solução do Imperador foi
importante, pois garantiu certa estabilidade para o governo e para as
fronteiras. Entretanto, após a morte de Constantino sérias convulsões em todo o
território trouxeram mais dificuldades. Roma perdia espaço como centro
administrativo, sendo Constantinopla cada vez mais importante. Esse problema
acabou refletindo na forma como a Igreja funcionava, já que o Papado e,
portanto, a sede da Igreja estava na primeira cidade.
A situação iria se agravar com a
divisão do Império no fim do século IV quando, com a morte do Imperador
Teodósio em 395, Roma foi finalmente dividido em duas partes. A parte Ocidental
ficaria agora com a sede em Roma e a Oriental com sede em Constantinopla. O
surgimento de dois Impérios Romanos, onde o latim era predominante no ocidental
e o grego no Oriental continuou a afastar ainda mais os religiosos e
enfraquecer a unidade da igreja.
Com o agravamento das invasões
bárbaras e a crise do sistema escravocrata, o ocidente finalmente evaporou.
Odoacro destronou o último Imperador Romano em 476 e destruiu completamente a
ideia de um império Ocidental. O mundo europeu mergulhou nas trevas da Idade
Média e as cidades esvaziaram-se. O Papado, contudo, manteve-se firme, e a
igreja adaptando-se aos invasores, permaneceu existindo.
Meio milênio de distanciamento
iria acarretar no século XI o Grande Cisma do Oriente. A igreja católica era
desmanchada em duas partes, com a excomunhão mútua dos Bispos de Roma e
Constantinopla. Os grandes cernes da questão, além da própria distância
geográfica e de influência, estavam no “cesaropapismo” (poder do Imperador
romano sobre as decisões da igreja) e no “filioque” (a discussão a respeito da
divindade ou não de Cristo).
Enquanto o catolicismo de Roma defendia o poder
supremo do Papa e a essência divina do profeta, os constantinopolitanos defendiam
uma visão mais voltada à simbiose com o Imperador e a uma visão mística da
Santíssima Trindade, onde a divindade ou não de Cristo não teria tanta
importância. A Igreja Católica Oriental e a
civilização bizantina (nome moderno) preservaram os costumes, os textos e os
tesouros da Antiguidade, enquanto tudo isso se perdia no Ocidente
Mas o que talvez seja mais
incrível sobre os “anos das trevas” europeus é que o poder do Papa perdurou
sobre todos os antigos territórios da Roma Ocidental e sua influência permaneceu
existindo mesmo nos mais difíceis dos tempos, e sobre os mais variados dos
povos. Quando da Queda de Constantinopla sob o julgo Turco-otomano, os eruditos
e os nobres daquele lugar fugiram para Roma e o Ocidente, dando fôlego ao
Renascimento Artístico e Cultural, e pondo fim à Idade Média. A Igreja Cristã
iria se apropriar dessas ideias, trazendo uma legião de mudanças sem
precedentes para o Papado e toda a Europa Ocidental.
-- Thiago Amorim
O que não foi citado nesse texto:
- O sistema feudal toma conta da Europa;
- A fundação do Sacro Império Romano-Germânico;
- O Cisma do Ocidente e os três Papas;
- O Cisma do Ocidente e os três Papas;
- O surgimento dos Estados europeus;
- As cruzadas ocorreram nessa época diante do pedido feito por Aleixo Comneno, então Imperador de Bizâncio, e sob incentivo do Papa de Roma;
- O saque de Constantinopla pelos cruzados;
- O Avanço do islã pela Europa, e o enfraquecimento da Igreja no Oriente;
- A peste negra e a histeria sobre o fim do mundo;
- Os esforços dos últimos Imperadores bizantinos em buscar ajuda no Ocidente diante da guerra com os turco-otomanos;