Há cerca de dois mil anos, um
intrépido carpinteiro com ideias proféticas era crucificado em Jerusalém.
Devido ao local onde vivia, sua morte deveria ter sido despercebida ou pouco
comentada, mas isso não aconteceu. Ele havia deixado discípulos, que de forma
itinerante passaram a vagar pelo Império Romano pregando a “boa nova de
Cristo”. O Cristianismo, como ficou conhecido o culto a essa figura,
espalhou-se velozmente do mundo Oriental para o Ocidental e transformou-se numa
das maiores religiões do globo em anos posteriores.
Entretanto, nos seus primeiros
anos, os Cristãos foram perseguidos dentro da sociedade romana e inúmeros
martírios e assassinatos cometidos. Roma não via com bons olhos uma seita que
ameaçava o culto aos deuses antigos e incitava o povo a rebelar-se contra o
sistema vigente. Dessa forma, inúmeros imperadores promoveram a perseguição aos
cristãos, sendo talvez a causada por Nero a mais famosa delas, já que o
apóstolo Pedro pereceu sob seus pés no circo de Roma.
Após cerca de trezentos anos de
ilegalidade, o cristianismo tornou-se uma força esmagadora dentro do Império e
sob o reinado de Constantino, o Grande, com o famoso Édito de Milão
promulgado, os cristãos puderam finalmente viver em paz.
Mas se podiam viver em paz, seus
inimigos não podiam. Quase que imediatamente após a permissão para manter seus
cultos, os perseguidos transformaram-se em perseguidores, levando uma onda de
terror e morte às ruas de todo o império. O paganismo perdeu força e
patrocínio, e em poucas décadas foi inexoravelmente substituído pela nova
religião.
Com tantos novos seguidores, logo
as ideias sobre o que de fato era ser cristão começaram a se confundir. Alguns
pregavam que Cristo era Deus encarnado, outros que ele não passava de um homem
com ótimas ideias a ser seguidas. Diante do impasse e das crescentes
dissidências, Constantino, o Grande, mais uma vez, reuniu um Concílio ecumênico
em Nicéia, onde representantes de diversas partes do mundo definiriam
finalmente o que era o cristianismo e o que deveria ser feito para manter-se
como devoto dessa fé.
É nesse ponto da história, mais
precisamente no ano 325 D.C., que a Igreja Católica Apostólica Romana vai
surgir como instituição. Até então, o credo cristão era informal e disperso,
com as autoridades religiosas surgidas da comunidade na qual estava instalado.
A reunião em Nicéia criou os dogmas, os ofícios e os cargos que deveriam
existir na nova religião, e de que forma se poderia alcançar a vida eterna. Festividades
importantes, como o nascimento de Cristo e a Páscoa, também foram definidos
nessa reunião, utilizando como referência, e até mesmo como a forma de
comemoração, as festas pagãs.
Bispos de diversos pontos do
Império Romano, como Constantinopla, Roma, Antioquia, Alexandria, entre outros,
tornaram-se os mestres espirituais e guias do povo de Cristo, sendo que o Bispo
da cidade de Roma seria o “Primeiro entre iguais”, o Papa Católico e maior
líder entre todos.
Constantino, portanto, foi o
grande patrocinador da Igreja, e inteiramente responsável pela sua instituição.
Apenas com seus recursos e incentivos, a religião católica tornou-se
auto-suficiente e prosperou para a eternidade.
-- Thiago Amorim