terça-feira, 18 de maio de 2010

Maria - Porque ela é tão venerada pela Igreja Católica?

Hoje ela é uma das figuras mais conhecidas e comemoradas em todo o mundo. Um bilhão de católicos, um bilhão e meio de muçulmanos, um bilhão e cem milhões de cristãos em todo o nosso planeta a veneram como a mãe de Jesus Cristo. Isso significa que Maria é conhecida por mais da metade de todos os seres humanos.

Nos ritos e dogmas católicos, é considerada uma das figuras mais importantes do cristianismo e amplamente venerada como a mãe de Deus. Isso gera inúmeras controvérsias e conflitos com as demais religiões que reconhecem Jesus Cristo como profeta ou como Deus, já que estes consideram Maria uma figura respeitada, mas apenas uma humana, sem qualquer influência ou poder divino.

Mas as raízes de tanto interesse e veneração por parte da Igreja Católica Romana têm um lado obscuro e muito pouco conhecido.

Durante os difíceis anos do início do cristianismo, seus adeptos eram frequentemente perseguidos e assassinados. Isso aconteceu com quase todos os apóstolos inclusive Pedro, o primeiro Papa católico (a exceção foi João que morreu de velhice). Mas com o passar dos anos e o crescimento dos adeptos de Jesus, Roma, a grande potência da época, passou a interessar-se pelo cristianismo e em alguns anos não apenas permitiu, mas também o instituiu como religião oficial do Império.

Então de perseguidos, os cristãos passaram a ser os perseguidores (coisa que não mudou muito até os dias de hoje) e, para conseguir fincar-se cada vez mais profundamente na sociedade romana, começaram a adaptar seus festejos às datas de festas pagãs celebradas em Roma. Assim o Natal foi estabelecido no fim do ano, para coincidir com a festa do solstício de inverno, muito popular na época. A Páscoa, apesar de relembrar a morte e ressurreição de Jesus, adaptou outra data festejada na primavera em comemoração a “Eostre” deusa da primavera e do renascimento. A igreja adaptou até mesmo os ovos e coelhos usados nesse evento.

Mas existia uma Deusa que não conseguia ser apagada, que o cristianismo não conseguia destruir ou acomodar uma comemoração para ela. A deusa em questão era Diana, ou Ártemis, que atraía um enorme número de seguidores e amplas doações de todos os lugares do mundo conhecido.

A solução encontrada, foi transformar Maria em uma “semi-deusa” e incorporá-la aos ritos e dogmas cristãos. O lugar onde o mais famoso dos templos de Ártemis estava localizado em Éfeso foi transformado no lugar da morte* de Maria, que inclusive “coincidiu” com a época dos festejos da Deusa, nos idos de agosto.

A igreja então, durante a história, recheou o calendário com festas e eventos ligados a Maria, celebrando seu nascimento em setembro, sua morte em agosto e o mês de veneração em Maio. Nesse último caso para coincidir ainda com a primavera nos países do hemisfério norte, significando nascimento, pureza e a virgindade.

-- Thiago Amorim






*Para alguns setores do cristianismo Maria viveu em Éfeso, mas morreu em Jerusalém, estando sepultada nesta cidade.

A queda de Constantinopla


No dia 29 de maio de 1453 o Sultão Mehmet II adentrava as muralhas de Constantinopla, destruindo para sempre o Império Bizantino. A queda do grandioso império já era há muito anunciada e se arrastou por mais de 400 anos até que de fato acontecesse sob o julgo turco. Apesar da iminente catástrofe, a experiência mostrou-se tão traumática para os europeus, que marcou a história como o fim da Idade Média e início da Idade Moderna.

Mas apenas o trauma desencadeado pela perda de uma cidade no extremo oriente europeu  não evidenciam a importância do acontecimento. Os eventos desencadeados a partir do fim do Império Bizantino foram ainda mais longe: não tivesse aquele império sucumbido aos Otomanos, talvez a história da América (e sua invasão pelos europeus) seria outra. O mundo de hoje, onde cada um de nós vivemos, seria completamente diferente.

Constantinopla foi fundada por Constantino no século IV, no lugar onde ficava a cidade grega de Bizâncio, para ser a nova capital do Império. Cercada pelo mar de Mármara e incrustada na entrada do Estreito de Bósforo, tinha uma localização segura e privilegiada. Para o Imperador, a cidade se chamaria Nova Roma, mas o nome não vingou e em sua homenagem a cidade ficou conhecida como Constantinopla.

Durante os conturbados anos que se seguiram a morte de Constantino e o fim de Roma, Constantinopla despontou como o novo centro do mundo cristão e como defensora da cristandade no Oriente. Bizâncio seria “barreira natural” contra o inimigo "bárbaro", e assim foi durante muitos séculos até que o inimigo cresceu o suficiente para chegar às portas de sua capital.

Uma sucessão de fatores contribuiu para o enfraquecimento do Império, e talvez os maiores culpados sejam os próprios cristãos europeus. As raízes por trás do desmoronamento de Bizâncio remontam desde a questão das cruzadas até decisões tomadas ainda durante o século XI pelo Imperador Constantino Ducas. Este tomou a decisão de diminuir o efetivo militar do Império para garantir sua permanência no poder e solucionar problemas de ordem financeira. Muitos apontam essa posição de Constantino como o caminho para a bancarrota, enquanto outros defendem que apenas dessa forma o Império continuou a existir por quase meio milênio ainda.


Não devemos esquecer também, a famigerada escolha do Imperador João Cantacuzeno, em meados do século XIV, de pedir apoio aos turcos para a sua causa rumo ao trono de Constantinopla, liberando-lhes a passagem pelo Bósforo através de Gallipoli, e garantindo assim uma "ponta de lança" turca na Europa.

A questão das cruzadas é controversa, mas é inegável que após o saque de Constantinopla pelos cristãos, durante a quarta cruzada, Bizâncio jamais recuperou seu esplendor e força. O Império foi restaurado mas destituído de territórios imprescindíveis para sua sobrevivência, como a Anatólia, que passou para o domínio turco (a batalha de Manzikert em 1071, portanto antes das cruzadas, também teve papel crucial para a perda dessa região). 

Saqueada e despojada de seus tesouros no século XIII, Constantinopla era a capital de um Império em ruínas, rodeado pelos turcos e abandonada pelos exércitos cristãos. A cidade havia sido cercada 23 vezes durante a história, mas seus poderosos mecanismos de defesa e seu ponto estratégico na entrada do estreito de Bósforo a salvaram do fim.

Infelizmente dessa vez seus muros não seriam tão poderosos. O sultão Mehmet II dispunha de armas modernas para bombardear a cidade e um contingente gigantesco de soldados. A empreitada cuidadosamente preparada chegou à cidade no dia 2 de abril. Toda a população de Constantinopla estava aterrorizada, pois contava com cerca de oito mil defensores contra um exército de 200 mil homens.

Os turcos já vinham fazendo incursões em território bizantino desde o início do ano, arrasando cidades e conquistando fortalezas. O medo era um trunfo que o Sultão sabia como usar. Estava convencido que tomaria a cidade de qualquer maneira e a transformaria na capital do seu reino.

O cerco seguiu pelos meses de abril e maio. Os canhões turcos bombardeavam os muros constantemente, enquanto a população desesperada esperava por um milagre que a salvasse. Ainda havia a esperança que uma esquadra cristã surgisse no horizonte, repleta de soldados, com o tão necessário auxilio. A ajuda, jamais chegaria.

Profundamente religioso e místico, o povo de Constantinopla acreditava que Deus mandava sinais sobre o seu fim. Gigantescas tempestades, eclipses ou neblina seriam esses sinais. Coincidentemente no dia 25 de maio um evento ainda mais surpreendente aconteceu: Várias luzes foram vistas sobre a cidade e diante de olhos estarrecidos, grandes chamas envolveram o domo da Basílica de Santa Sofia; o fogo e as luzes intensas se uniram em um só facho de luz e ascendeu ao céu. Estava claro para todos que o fim era iminente.

Em 28 de maio o exército de Mehmet atacou a cidade com todo o seu contingente. Bombardearam os muros da cidade ininterruptamente de forma que os defensores não pudessem repará-lo. A seguir todo o exército acometeu, de forma que em todos os lugares ao redor dos muros houvessem homens forçando a entrada.  

Na manhã de 29 de maio por volta das seis da manhã, Constantinopla já era domínio turco. O último Imperador, Constantino XI, morreu durante a batalha encorajando seus homens a defender a cidade. O saque generalizado arrasou grande parte da área urbana e milhares de pessoas foram mortas ou violentadas. Homens, mulheres, crianças e idosos, todos sem distinção foram molestados.

Mehmet II, que a partir de então seria conhecido como Fatih, o conquistador, adentrou aos muros e dirigiu-se à Basílica de Santa Sofia. A seguir, ordenou que os saques cessassem imediatamente e garantiu que os cristãos poderiam manter seus cultos, mas perderiam a basílica, que foi transformada em mesquita. As famílias de Constantinopla foram escravizadas; vendidas em mercados diversos no mundo muçulmano. Algumas nobres foram libertadas e receberam dinheiro para manter a si e suas famílias.

E assim, 1123 anos depois de ser fundada por Constantino, o Grande, Constantinopla sucumbiu aos turco-otomanos e jamais voltaria às mãos cristãs. Bizâncio estava perdida para sempre.

Ao "mundo ocidental", estando as rotas comerciais Mediterrâneas e asiáticas em mãos muçulmanas, não havia mais um porto seguro no Oriente. Os negócios tornaram-se difíceis e novos caminhos precisaram ser buscados. Em poucas décadas o mundo entraria numa fase dinâmica e complexa sem precedentes: as grandes navegações, os nativos e o ouro da América; a ascensão de gigantescos impérios colonias. Tudo isso desencadeado pela perda do último suspiro do que um dia foi o grandioso Império Romano: Constantinopla!

Curiosidades:

*Na sequência, imagens de Mehmet II e de Constantino XI;

O Império Bizantino foi o que restou do Império Romano quando este colapsou no ano de 476 sob as invasões bárbaras;

O Sultão Mehmet II tinha apenas 21 anos quando conquistou a cidade;

Constantinopla tinha defesas fabulosas. Entre as mais poderosas estava a gigantesca corrente que bloqueava o "Corno de Ouro", e impedia que barcos atacassem a cidade por esse lado da península. Os turcos conseguiram burlar tal defesa, ao criar um caminho por terra para seus barcos, por trás da cidade genovesa de Pera, do outro lado do Corno de Ouro. Testemunhas dizem que foi como se "os barcos navegassem morro acima", alcançado o estuário e abrindo mais uma frente de ataque à cidade. 

Os eventos com luzes e fogo vistos na cidade nos últimos dias em que ainda era capital do Império Bizantino, foram causados pela erupção de um vulcão no Oceano Pacífico, o Kuwae, que provocou mudanças na atmosfera do planeta Terra. O acontecimento sobre a cúpula da Basílica se chama fogo-de-santelmo e ocorreu pelo teto da cúpula ser coberto de cobre;

Apesar de Mehmet II permitir o culto cristão na cidade, quase todas as igrejas foram destruídas em anos posteriores, inclusive uma das mais famosas, a dos Santos Apóstolos, onde os Imperadores e suas famílias eram enterrados;

Fundada em 11 de maio de 330 D.C. por Constantino, o Grande, Constantinopla foi perdida coincidentemente no mesmo mês 1123 anos e 18 dias depois, sob um governante de nome Constantino também;


Constantinopla é a atual Istambul, na Turquia.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

1453: A Guerra Santa por Constantinopla e o confronto entre o Islã e o Ocidente – Roger Crowley

1453, a queda de Constantinopla – Steven Runciman;


História das cruzadas Vol. I, II e III – Steven Runciman;


sábado, 8 de maio de 2010

A Torre Eiffel

No dia 06 de maio de 1889, há mais de 120 anos, a Torre Eiffel era aberta ao público (foi inaugurada em 31 de março do mesmo ano). A estrutura foi construída para abrilhantar a Exposição Universal de Paris, e levou mais de dois anos para ser concluída (o dobro do tempo previsto).

A Exposição foi um marco da modernidade e deveria comemorar o centenário da Revolução Francesa (aquela em que os nobres perderam, literalmente, a cabeça). Ideologicamente mostrava o triunfo da burguesia em trazer a paz e a prosperidade ao mundo.

Durante os preparativos para o evento, foi aberto o concurso para que uma estrutura símbolo fosse construída no Champ-de-Mars; um sucesso imediato, recebendo mais de cem sugestões. Gustave Alexander Elffel não estava tentado a participar, até que dois de seus funcionários* demonstraram interesse. Percebendo o enorme destaque que teria caso construísse a torre, rapidamente passou a interessar-se e lançou-se no concurso.



Com o projeto aprovado, Eiffel teve que arcar com 80% dos custos da empreitada e enfrentou vários problemas durante a construção, como as greves de funcionários que o atormentaram diversas vezes.



Mas não foi apenas o fantasma da greve que o ameaçou; as pessoas, os artistas, todos odiaram a torre. Frequentemente se falava mal do projeto e do design “tosco” e “deselegante” do monólito de ferro. “La tour Eiffel” parecia estar fadada ao fim antes mesmo do começo.



Mas o projeto seguiu adiante e impressionou a todos quando ficou pronto, se tornando em poucos anos o símbolo de Paris e da França. Ela teria sido destruída em 1909 quando acabou a concessão do terreno no Champ-de-Mars para Eiffel (Eiffel teve o direito de ficar com a torre para si durante vinte anos, quando então seria doada para a cidade de Paris), mas sua utilidade para transmissão de ondas de rádio, além da presença marcante na silhueta da cidade a salvaram.

Hoje é a atração turística mais visitada do mundo. Tem 324 metros de altura, comporta museus, restaurantes, lojas e plataformas de observação. Mais de 250 milhões de pessoas já a visitaram desde a inauguração.

*Maurice Koechlin e Émile Nouguier foram os primeiros idealizadores da torre e venderam a patente para Eiffel posteriormente. Ambos eram funcionários da “Eiffel & Cie”.



Curiosidades:

Inicialmente ela se chamava “La tour de 300 mètres”;

A torre garantiu a aposentadoria confortável de Gustave Eiffel;

Hitler esteve na Torre Eiffel quando se apoderou da França durante a Segunda Guerra Mundial, mas não pode subir ao topo, pois os cabos dos elevadores foram cortados por patriotas franceses. Os elevadores só voltaram a funcionar quando a cidade foi libertada, próximo ao fim da guerra;

Os alemães hastearam uma enorme bandeira com a suástica no topo da torre, mas em poucas horas a mesma foi levada pelo vento;

Próximo ao fim da guerra, o Füher alemão ordenou que a torre e toda a cidade fossem destruídas, mas seu General, Dietrich Von Choltitz, não obedeceu, entregando a cidade praticamente ilesa a De Gaulle.  

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

Exposições Universais Espetáculos da Modernidade do Século XIX – Sandra Jatahy Pesavento;

Gustave Alexander Eiffel – Paco Asensio

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Maio

O Quinto mês do ano homenageia “Bona Dea”, Deusa romana da fertilidade (“Maya” na mitologia grega). Cabe lembrar aqui, que ainda estamos na primavera no hemisfério norte, e a Deusa da fertilidade está ligada ao florescer, como a deusa Aprilis do mês anterior, abril.

O mês de maio é dedicado a duas datas importantes (entre tantas outras, claro). A primeira delas é o dia do trabalho, oficialmente instituído no Brasil a partir de 1924 durante o governo de Artur Bernardes. A homenagem relembra as conquistas dos trabalhadores e os inúmeros desafios que enfrentaram para obtê-las.

A segunda data importante (principalmente para o comércio) é o dia das mães, comemorado no segundo domingo de maio. A ideia de homenagear as mães vem desde a Grécia, passando por Roma e invadindo a Idade média. Mas por incrível que pareça no mundo moderno, a data foi instituída não por tradição ou pressão comercial, e sim como homenagem a mãe de Anna M. Jarvis, americana, que entrou em depressão após a morte de sua genitora (é... o comércio se apoderou da data depois). No Brasil, a data foi oficializada em 1932, pelo então Presidente Getúlio Vargas.


Vale lembrar, que o mês também é considerado pela Igreja Católica Romana, como o relativo a Maria, mãe de Jesus. Tem uma história meio louca por trás disso, mas fica para outro post. 
Grande abraço!

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

A origem de datas e festas – Marcelo Duarte

www.crystalinks.com/maiahermes.jpg

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Brasília


Os planos para a interiorização da capital do Brasil se estendiam desde os tempos em que éramos apenas uma colônia portuguesa. O Marquês de Pombal (o mesmo que expulsou os jesuítas) defendia abertamente a interiorização.

Como sabemos, Salvador permaneceu com o poder administrativo colonial até 1763, quando a sede foi então transferida para a cidade do Rio de Janeiro por questões econômicas. Contudo, dois fatores pesavam para a instalação da capital no interior: segurança e integração. A capital estando no litoral brasileiro tornava-se muito propícia a invasão em caso de guerra e o país também precisava desenvolver os estados mais a oeste e norte, integrando-os a economia. Mesmo assim, após a independência do Brasil, o Rio de Janeiro continuava a ser a capital.


Durante o século XIX cogitou-se a possibilidade de haver a mudança, inclusive com visitas ao local onde hoje se encontra a moderna cidade. O terreno foi localizado e demarcado entre 1891 e 1894, para uma futura instalação e construção, mas os planos foram mantidos paralisados.

A ideia só tornaria a voltar após 1922, e se efetivar ainda mais tarde, com o governo do Presidente Juscelino Kubitschek. O seu “plano de metas” (o famoso “50 anos em 5”) incluía a construção e transferência da capital para o interior do país. Um programa arrojado e ambicioso foi desenvolvido, incluindo a construção de toda uma infra-estrutura e logística para possibilitar a ocupação e o funcionamento da capital em seu novo ambiente (plano criticado por priorizar as rodovias e não as ferrovias).

Os trabalhos iniciaram-se com o lançamento do concurso, em 1956, para a escolha do projeto de construção da nova capital. O vencedor, o urbanista Lúcio Costa, contou com os desenhos de Oscar Niemeyer para a maioria dos edifícios públicos da capital.  



Em 1957 as obras foram iniciadas. A construção atraiu milhares de famílias de todas as regiões do país, em especial do Nordeste, que buscavam emprego e melhores condições de vida. Essas pessoas ficaram conhecidas como “candangos”. Com a ajuda desse enorme número de trabalhadores, em 21 de abril de 1960 Brasília estava parcialmente concluída e foi inaugurada por JK. Apesar de ter sido inaugurada, muita coisa ficou pendente na cidade e apenas durante o regime militar a cidade foi finalizada. Ainda assim, alguns órgãos do governo nunca tiveram suas sedes transferidas, como o IBGE por exemplo.


Projetada para acomodar cerca de 600 mil pessoas até o ano 2000, Brasília conta hoje com mais de 2,5 milhões de habitantes. Apesar de sua área central continuar impecavelmente limpa e organizada, as demais cidades do Distrito Federal sofrem com a falta de infra-estrutura e investimentos. Além disso, a cidade conta com poucas opções de transporte e grandes engarrafamentos acontecem todos os dias. Um sistema de metrô foi construído para  sanar o problema, mas é ineficiente e apresenta prejuízos financeiros gritantes para o Estado Brasileiro todos os anos.


A capital que deveria integrar foi muito criticada, pois na verdade afastou os brasileiros das decisões políticas. A transferência da capital trouxe tumulto ao Rio de Janeiro e, como forma de compensar a perda política das classes dirigentes daquela cidade, o Estado da Guanabara foi criado. Este existiu por 15 anos até ser extinto pelo governo militar.


Brasília completa 50 anos no dia 21 de abril de 2010, data escolhida à época de forma que a inauguração coincidisse com a data da Inconfidência Mineira e a morte de Tiradentes.

--Thiago Amorim

Para saber mais:



terça-feira, 13 de abril de 2010

Titanic

No dia 10 de abril de 1912 o navio Titanic foi inaugurado na Inglaterra. Gigantesco, com cerca de quarenta e seis mil toneladas e 269 metros de comprimento, seria o maior e mais luxuoso do mundo até então. Fruto da classe Olympic, da White Star Line, era a “menina dos olhos” da companhia e sua primeira viagem era anunciada com muita pompa. Dizia-se que o maravilhoso navio era insubmergível, que nem mesmo o próprio Deus poderia afundá-lo.

Cerca de 2.200 pessoas, incluindo-se a tripulação, embarcaram no navio em Southampton, Cherbourg e Queenstown com direção a cidade de Nova York. Entre outras acomodações, os passageiros contavam com piscina, academia, biblioteca e quadra de Squash, além do famosíssimo Café Parisiense, o primeiro do tipo em navios de cruzeiro. De financistas a proprietários de estradas de ferro, o suntuoso navio desfilava com a nata da burguesia americana e européia no período mais fascinante vivido por essa classe, a Belle Époque.



Até mesmo os passageiros das segunda e terceira classes dispunham de relativo conforto não encontrados em qualquer outro navio à época. Banheiros exclusivos por cabine eram encontrados nas classes menos favorecidas e podia-se caminhar entre os passageiros da primeira classe (com algumas ressalvas, claro).

A megalomania e orgulho seriam em poucos dias dilacerados. Na noite de 14 de abril o gigantesco navio abalroou um Iceberg comprometendo alguns dos compartimentos estanques. Apenas algumas horas depois, já na madrugada do dia 15, o insubmergível navio iria a pique com 1517 de seus ocupantes. Aproximadamente 703 escaparam.



No primeiro instante em que as notícias alcançaram os grandes centros, poucos acreditavam na tragédia. Até mesmo chegou-se a formar uma multidão no porto de Nova York na terça-feira posterior ao acidente na esperança que o navio atracasse com segurança. A realidade seria mais cruel e traria os sobreviventes com relatos surpreendentes sobre o naufrágio.

Devido à tragédia, as normas de segurança internacionais mudaram, e a partir dessa data os navios deveriam ter botes salva-vidas suficientes para todos os passageiros. As experiências daqueles que sobreviveram à catástrofe mais famosa do mundo se transformaram em diversos filmes, lendas e livros.

O Titanic se foi com apenas "cinco dias de vida”, mas permanece no imaginário popular desde então.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

“As 100 maiores catástrofes da história” – Stephen J. Spignesi

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Abril



O mês de Abril deriva do latim Aprilis, que significa “abrir”. Recebeu esse nome, devido ao despertar da primavera no hemisfério norte nessa época do ano, e portanto o “desabrochar”, o “abrir” das culturas. Sugere-se, entretanto, que o nome também derive da Deusa grega do amor e da paixão Vênus, (Afrodite na mitologia Romana) a qual segundo a lenda teria nascido de uma espuma do mar, que em grego antigo dizia-se “abril”.


O mês é um dos mais importantes para a sociedade ocidental devido à data da páscoa, que em muitos anos cai em abril (importante lembrar: a comemoração da páscoa é móvel por se basear no calendário lunar e não no solar).

Outra data bem conhecida, embora menos importante, e comemorada em diversos lugares do mundo é o dia da mentira, no primeiro de abril. O dia surgiu devido à confusão causada pela mudança dos calendários. Quando o calendário Juliano foi substituído pelo Gregoriano, muitas pessoas continuaram a comemorar o ano novo entre março e abril, com festejos que acabavam no primeiro de abril. A substituição dos calendários fez com que o ano começasse em janeiro, mas muitas pessoas continuaram a comemorar a data na época errada. Dessa forma, sugiram diversas brincadeiras envolvendo a data e seu falso início de ano. Em alguns países o dia da mentira é conhecido como “dia dos tolos” devido a tais eventos.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

A origem de datas e festas – Marcelo Duarte

* Imagem: O nascimento de Vênus - Botticelli

terça-feira, 30 de março de 2010

Livro: "Roubaram a Mona Lisa!"

A expressão da Mona Lisa, exposta no Louvre em Paris, traz uma série de perguntas à cabeça de todos que a veem.  O que aquela mulher sentia, quem era, o que fazia? As especulações são muitas e as respostas mais numerosas ainda. Surpreendentemente o sorriso mais famoso do mundo é o mais singelo e contido.

No recente trabalho da escritora R.A. Scotti, somos convidados a adentrar no mundo das artes, das falsificações e das investigações policiais, em busca do destino do quadro mais famoso do mundo, naquele que foi o maior roubo de arte da história. Com seriedade e bom humor, o "passo a passo" dessa história é minuciosamente trabalhado e, por fim, esclarecido.

De Apollinaire e Picasso até o verdadeiro ladrão, Vincenzo Peruggia, e ainda entre as várias histórias que surgiram durante, e após o período em que o quadro ficou desaparecido*, podemos sentir o clamor e o pesar do povo francês por sua perda. A autora é claro, não nos deixa escapar a história da obra e do seu famoso artista, Leonardo Da Vinci.

“Roubaram a Mona Lisa!” é delicioso de ler do início ao fim, deixando “aquele gostinho de quero mais”, sempre presente nas obras de R.A. Scotti.


-- Thiago Amorim

* O quadro foi levado do Louvre em 21 de agosto de 1911, e não se percebeu o sumiço até a manhã seguinte. Foi encontrado em Florença em 12 de dezembro de 1913 e restituído a França em janeiro de 1914.

sábado, 20 de março de 2010

Livro: "Armas, Germes e Aço"

Por que o povo da Eurásia se mostrou mais apto a construir impérios, criar tecnologias e dominar o mundo durante grande parte da história humana? 
Os Eurasianos são melhores que todo o resto da população mundial e, portanto, mais evoluídos?

Os relatos preconceituosos derivados dessas perguntas (até mesmo afirmações) são postos abaixo pelo excelente trabalho do Professor Jared Diamond no seu livro "Armas, Germes e Aço".

Essa obra (que lhe rendeu o prêmio Pulitzer) traz de forma clara e concisa uma explicação simples para a hegemonia eurasiana na história da raça humana.

Segundo seu trabalho, as condições climáticas e geográficas da Eurásia propiciaram o desenvolvimento do que o autor chama de armas, germes e aço: exércitos, doenças e tecnologia, que viriam a ser os meios de dominação utilizados contra as outras regiões do mundo. 

Para os Darwinistas sociais a sua resposta é bem concisa: Os povos que vivem sem um estado definido, com leis e instituições para solucionar os seus problemas, precisam resolvê-los por si mesmos. Então apenas os mais desenvolvidos geneticamente conseguem sobreviver, o que torna os aborígenes australianos, por exemplo, mais evoluídos que os Europeus. 

Seus preconceitos nunca mais terão sentido depois de apreciar esse livro...
Leitura obrigatória para todos! 

-- Thiago Amorim

quinta-feira, 18 de março de 2010

Março

E chegamos finalmente ao mês de março.

Como é de se imaginar, seu nome deriva de Marte, deus da guerra romano.

Sabe-se que a cultura romana foi adaptada de acordo com a dos povos por eles conquistados. Nesse caso, na cultura grega encontra-se o deus equivalente a Marte em Ares.

O mês tem esse nome devido a sua importância. Pelo primeiro calendário romano, o ano se iniciava em março, durante a primavera, ocasião perfeita para o início das campanhas militares do Império. Após sofrer diversas mudanças e adaptações (especialmente a realizada pelo Imperador Júlio César) o calendário teve a anexação dos meses de janeiro e fevereiro ao ano. Janeiro passou a ser o primeiro mês, mas em muitas culturas março permaneceu como o início do ano até o século XX, principalmente nas localidades onde o calendário utilizado ainda era o Juliano*.

* O calendário atual é o gregoriano, que se trata de uma adaptação feita pelo Papa Gregório XIII no século XVI. Vários países, principalmente aqueles contrários ao catolicismo romano, não utilizaram esse calendário até épocas recentes, como Rússia e Grécia por exemplo.


-- Thiago Amorim