O Ocidente assistiu perplexo, mas
não surpreso, à queda de Constantinopla. Após anos de assédio, os Turcos
finalmente conquistaram a cidade e destruíram o Império Romano do Oriente. Extremamente
dependente do poder Imperial, a Igreja Católica Ortodoxa grega agora perdia
ímpeto. Sua força foi transferida para ainda mais longe do ocidente, sob
proteção do Czarismo Russo.
Enquanto isso a Igreja de Roma
estava cada vez mais poderosa. Os Estados Pontifícios estendiam sua influência
por todo o mundo ocidental e o poder Papal era mais forte que nunca. A cidade
de Roma e boa parte do que hoje compõe a Itália faziam parte do patrimônio do
Papa, como um estado com leis e povos subjugados a ele. É nessa época que os
maiores tesouros artísticos que hoje estão sob poder da Igreja foram criados. E
é nessa época também que os maiores conflitos religiosos da história irão
surgir.
O Renascimento em fase de
formação garante, através do mecenato, que artistas como Bramante, Rafael
Sanzi, Michelângelo e Da Vinci possam desenvolver por inteiro suas aptidões
criativas e deixar um legado de obras de arte maravilhosas. Trabalhar para a
Igreja era uma ótima opção e garantia de boa vida para cada um deles, daí a
existência de tantas obras ligadas ao catolicismo romano. Sob o Papa Júlio II a
igreja vai chegar ao ápice. Il papa
terribile comandará exércitos e conquistará territórios sob a égide da
cruz. Ele também iniciará a construção da nova Basílica de São Pedro em Roma e
liberar a venda de indulgências como forma de adquirir recursos para isso.
Alguns anos depois, essas obras custarão muito caro à igreja, custarão muito
caro até mesmo para o povo da cidade de Roma.
Conflitos religiosos e sociais
irão irromper e levar à Reforma Protestante. Roma será saqueada; igrejas
e mosteiros destruídos. O levante popular contra a igreja será tão feroz que
até mesmo antigos aliados, como Henrique VIII da Inglaterra, e os espanhóis se
voltarão contra ela. Apesar dos esforços da contra-reforma, o Papa não
conseguirá reter a cisão. As ideias de Lutero, Calvino e outros reformadores,
destruirão para sempre a unidade da Igreja católica Romana.
A época do Papa “bon-vivant”
acabará e sob o pontificado de Sisto V a contra-reforma se consolidará. Nessa
época também, a enorme cúpula da basílica de São Pedro é finalizada por Giacomo
Della Porta. No século XVII, Bernini é o novo arquiteto responsável pela
construção da basílica. A teatralidade do Barroco utilizada ao máximo por esse
artista concederá à Cidade Eterna uma beleza ímpar.
Mas enquanto a contra-reforma gera
seus frutos e enquanto a basílica é finalizada, um novo poder surge para
desafiar o Papa e a Igreja. E o poder que imana do povo, junto ao iluminismo do
século XVII e as revoluções burguesas do século XVIII é tão forte, que por
alguns anos o fim da igreja chegou mesmo a ser cogitado. Quando Napoleão sequestrou
o Papa, muitos anunciaram que esse momento havia chegado.
No entanto, mesmo que tudo
parecesse perdido, a igreja triunfou no final. O Papa perdeu seu império, mas
recuperou o trono de São Pedro. A criação da Itália extinguiria os Estados
Pontifícios, mas traria um novo despertar para a Igreja Católica: a
possibilidade de se reinventar. Não que ela estivesse disposta a isso...
-- Thiago Amorim
O que não foi citado nesse texto:
- As grandes navegações acontecem;
- Os turcos são barrados em Viena;
- Fundação da ordem religiosa dos Jesuítas e sua força na América;
- A República de Veneza perde importância política e econômica;
- O fim do Sacro Império Romano-Germânico e a criação do Império Alemão;
- Independência das Colônias Americanas;
- Ascensão do Império Britânico;
Um comentário:
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