O primeiro livro que li do
Saramago me deixou confuso. Sim, confuso. E confuso pelos sentimentos, pelas
emoções que senti enquanto o lia. Mais tarde um amigo iria me dizer que aquele
era o mais simples entre todos do autor, o que menos despertava interesse no
leitor. Eu não concordei com ele, é claro. O tal livro, “Ensaio sobre a cegueira”, deu origem a um filme, muito
bom também, e que foi visto por milhões de pessoas. Um conselho? Leia o livro
primeiro e veja o filme depois!
Mas não é sobre esse livro que
quero falar, e sim sobre o que li recentemente, “As intermitências da morte”. O
livro começa assim: “E no dia seguinte, ninguém morreu.” Quer começo mais
chocante? Mais incentivador? Passado o júbilo diante do fato, o país fictício
criado por Saramago, vê-se diante de uma crise interminável. O que fazer com os
“não-mortos”? O que os “mortos-vivos” sentem ou pensam? E por fim, onde está a
morte?
A morte, por sua vez, não dá as
caras por um longo tempo, e um grupo é criado para se livrar dos novos “indesejáveis”.
A “máphia”, com ph mesmo, para diferenciar-se da outra, traz uma solução, que
apesar de promissora no início, trará no futuro problemas diplomáticos
terríveis, com iminência até mesmo de guerra. No fim, não é só a população que
sofrerá com o sumiço da morte. Em breve, ela mesma perceberá as consequências de
sua decisão.
Numa sátira incrível e bem
humorada, Saramago nos faz pensar sobre política, religião, e relações humanas.
E também perceber que o que vemos como grandes problemas, como a morte, por
exemplo, pode ser o que mais desejamos.
Depois de meses com apenas dicas “indiretas”
de livros, eis uma bem “direta” agora. É tão bom que o li em um dia apenas!
-- Thiago Amorim
P.S. No fim das contas foram duas dicas! Ou seriam três?
Abração...
Nenhum comentário:
Postar um comentário