O Império Romano do Ocidente há meio século havia evaporado sob as invasões bárbaras. Em contrapartida, no leste, Bizâncio ainda mantinha-se forte e em breve experimentaria o esplendor em sua forma mais criativa e visível: a arquitetura. O responsável por esse avanço seria o grande Imperador Justiniano I. Seu governo traria prosperidade irrestrita para os Bizantinos, inclusive a recuperação da cidade de Roma e outras províncias perdidas.
Representação do Imperador Justiniano e sua Corte em um mosaico na Catedral de Ravena
O novo Imperador não vinha de família nobre, havia ascendido através do exército Romano e era muito popular entre as massas. Mas esse quadro não se repetia entre a nobreza. A inveja e a raiva por não estarem no poder faziam com que os nobres debochassem de Justiniano. Em breve, eles teriam muito mais poder de fogo, muito mais sobre o que falar. Isso aconteceu porque o Imperador caíra de amores por uma artista de circo, Teodora. Segundo as más línguas ela já havia sido até mesmo prostituta. Isso, é claro, não impediu Justiniano de amá-la e transformá-la em Imperatriz Consorte, dividindo o poder consigo. Era tamanho o poder de influência de Teodora, que Justiniano fazia tudo que ela lhe pedisse.
Representação de Teodora e sua Corte em um mosaico na Catedral de Ravena
Seguindo os conselhos da Imperatriz, ele ergueu magníficas obras públicas na capital do Império. Apesar da prosperidade que Bizâncio alcançou em seu governo, aparecia, cada vez com mais frequência, a insatisfação por causa dos pesados impostos e também pela inveja da Corte. Assim, deflagrou-se uma revolta que ameaçou o poder do casal imperial e abalou os alicerces de Bizâncio. Justiniano, assustado, decidiu fugir e tentou levar Teodora. A Imperatriz, firme como sempre, o obrigou a voltar até os locais da revolta e repelí-la. Justiniano assim o fez e venceu a batalha contra os revoltosos. Cerca de 30.000 pessoas morreram num único dia.
Basílica Hagia Sophia - hoje um museu em Istambul, na Turquia
Os minaretes (as 4 torres da basílica) não existiam até a conquista turca no século XV
Os minaretes (as 4 torres da basílica) não existiam até a conquista turca no século XV
A seguir, coube a ele a tarefa de reconstruir a capital. Diversas igrejas foram destruídas, incluindo a Basílica Imperial e a Igreja dos Santos Apóstolos. Justiniano não só mandou as reerguer, como as transformou nas maiores jóias da arquitetura bizantina. A Basílica de Santa Sofia foi tão bem projetada e construída que ainda hoje permanece de pé em Istambul (a cúpula desabou e precisou ser refeita algumas vezes por causa de terremotos, mas o corpo da igreja continua lá). A Igreja dos Santos Apóstolos, contudo, não teve a mesma sorte. Após a queda de Bizâncio, foi completamente destruída e se ergueu sobre ela uma mesquita em homenagem ao conquistador da cidade de Constantinopla.
Representação de como seria a Igreja dos Santos Apóstolos
Após duas décadas de união, Teodora faleceu e deixou Justiniano sozinho no poder. O Imperador nunca mais se mostrou feliz. Na ocasião da própria morte teve seu corpo enterrado ao lado da amada, onde permaneceram juntos por mil anos, até que seus túmulos reais fossem revirados pelos cruzados e destruídos pelos turcos.
-- Thiago Amorim
Para saber mais:
Declínio e Queda do Império Romano - Edward Gibbon
Bizâncio: A ponte da Antiguidade para a Idade Média - Michael Angold
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Declínio e Queda do Império Romano - Edward Gibbon
Bizâncio: A ponte da Antiguidade para a Idade Média - Michael Angold