“O êxtase de
Santa Teresa” é uma das obras barrocas mais fantásticas produzidas por Bernini.
Localizada em uma capela da igreja de Santa Maria della Vittoria, em Roma, a
escultura representa o encontro de Santa Teresa de Ávila com um anjo, cuja
flecha trespassou-lhe o corpo e a fez encontrar-se diante do amor divino. Mas o
que os observadores da obra conseguem ver ao deparar-se com a escultura é algo,
no mínimo, diferente. A Santa está com uma expressão sensual, largada a um
prazer aparentemente carnal, enquanto o anjo sorri e olha para ela.
As características
presentes no Barroco evidenciam-se já nesse plano. A mescla entre o profano e o
sagrado, que no barroco será levada ao ápice, torna-se praticamente o tema da
obra. Há também um jogo de posições entre os personagens, cuja relação
simbiótica é notória. A presença de cada um deles é extremamente importante
para o outro, de forma que se os dois fossem separados não funcionariam como
peças escultóricas, e se tornariam completamente deslocados em qualquer plano
que fossem colocados.
Podemos observar também
um enorme entablamento, que apesar de aparentar o estilo clássico, na verdade
apresenta as voltas e formas côncavas e convexas do barroco. Há nela também uma
descontinuidade, com um recuo profundo, que faz as laterais se sobressaírem ao
centro do frontão. Essa forma nos lembra o teatro, induzindo-nos a crer que as figuras estão a apresentar-se num palco.
Os diversos tipos de mármores utilizados, em cores e formas diversas, além da dramática luz que aparentemente
surge do nada sobre a peça, iluminando o conjunto escultórico e o bronze (que forma os raios
por trás e por sobre as figuras escultóricas), evidenciam mais fortemente as
características barrocas. E o que falar da obra como um todo? A própria
colocação das peças sobre o altar ao qual estão inseridos proporciona uma carga
dramática tão fabulosa que faria chorar (ou corar) o mais insensível dos fiéis que
ali se encontrasse.
Grande abraço!
-- Thiago Amorim