domingo, 18 de julho de 2010

As mil e uma noites


Desde criança sempre ouvi falar sobre as histórias das mil e uma noites, mas nunca tive a oportunidade de ter acesso à obra em si. Há alguns anos, soube que haveria um relançamento em português, apresentado por Malba Tahan, e me interessei para comprar, mas como na época não tive a oportunidade de encontrá-la, fiquei apenas na vontade.

Eis que depois de uns cinco anos de espera, finalmente encontrei os dois volumes disponíveis e por um preço bem acessível. Desde então tenho me maravilhado com Sherazade, suas belas histórias, e o encanto do Sultão Shahriar pela bela e inteligente Sultana.

A história começa com a vida de dois irmãos Sultões, que após serem traídos por suas esposas resolvem fugir dos seus reinos. Ao ver que não apenas ambos sofrem por amor e traições dispõem-se a voltar aos seus países de origem e optam por um estilo de vida diferente. O mais rico dos dois, Shahriar, toma a decisão de casar todos os dias e matar a própria esposa na manhã seguinte.

Uma grande onda de terror impera então por todo o seu reino, e Sherazade, filha do Grão-Vizir da corte, apaixonada e comprometida a acabar com o sofrimento de pais, mães e filhos, pede permissão a seu pai para casar-se com o Sultão. Após muita relutância do pai, que temia sua morte certa, consegue por fim seu intento e constrói um elaborado plano com sua irmã Dinazade para conquistar seu amor e findar com o suplício do povo: Todas as noites, antes do raiar do dia, Dinazade deve pedir a sua irmã para contar-lhe uma história, que astutamente não terá fim desde que Shahriar aceite que Sherazade sobreviva até a próxima noite, permitindo que a Sultana sobreviva indefinidamente.

O Clássico da literatura árabe traz as histórias mundialmente famosas de “Ali Babá e os quarenta ladrões”, “Aladim”, “Simbá” entre outras ainda mais belas e surpreendentes.

O livro baseado na versão de Antoine Galland, amplamente traduzida em todo mundo, conquistou fama e simpatia do Ocidente por ter escolhido as melhores e mais belas lendas da infinitamente reproduzida obra “Mil noites e uma noite” original.

Dica de leitura para qualquer hora, em qualquer lugar...

-- Thiago Amorim

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Juazeiro e o Padre Cícero


Este ano estive em Juazeiro acompanhado de minha mãe, meu irmão mais velho, minha avó e o meu padrasto. Nunca pensei em ir até lá em toda a minha vida, mas como não faria nada no fim de semana e fui convidado por minha mãe a viajarmos juntos, resolvi ir também. A viagem foi divertida, mas só agora resolvi escrever sobre o lugar, o Padre Cícero e a economia da região...

Reza a lenda popular que há mais de um século aconteceu uma coisa surpreendente em uma pequena e esquecida vila do Ceará. O pároco do lugar, ao preparar a hóstia para a eucaristia e servi-la a uma freira, assustou-se quando de repente aconteceu um suposto milagre: a hóstia transformou-se em sangue.


Os presentes que testemunharam o acontecimento espalharam a notícia rapidamente e, de pessoa em pessoa, em breve a notícia chegara ao Bispo, que então, resolveu enviar uma comissão investigativa sobre o caso. Enquanto a tal comissão não chegava, o “milagre” foi presenciado por outras pessoas, trazendo cada vez mais poder e fama ao padre da região, o padre Cícero Romão Batista.

Dotado de grande inteligência e astúcia, Cícero conquistou um grande séquito de seguidores chamados romeiros, que a cada ano se destinavam a cidade de Juazeiro para prestar-lhe homenagem e pagar penitência. A chegada da comissão e a alegação de que seus milagres eram fraude, não foram suficientes para deter o movimento que veio a se tornar uma das mais famosas tradições nordestinas. De diversos lugares ainda hoje, milhares de pessoas, todos os anos se dirigem a Juazeiro com o objetivo de pagar promessas e visitar a terra do “santo padre”.


Em alguns anos, Juazeiro se tornaria cidade, tendo o padre como primeiro prefeito. Seu poder tornou-se tamanho que a política do estado passou a ser ditada por si. Mesmo com a tentativa do governo de derrubá-lo, o povo o defendeu e o salvou do exército. Por esse tempo, Cícero já não era mais padre (o Vaticano o havia expulsado da igreja), mas seus seguidores não o abandonaram. O padre morreu em 1934 aos 90 anos de idade.

Após sua morte, os romeiros não deixaram de visitar Juazeiro, que se tornou uma espécie de “Jerusalém” do sertão, “a terra prometida” dos pobres nordestinos. Em todos os lugares da cidade encontram-se pessoas vendendo estatuetas, chapéus, bolsas, e até mesmo água com o nome do padre. A economia inteira é regida por seu nome. Existem diversas igrejas e alguns museus sobre Cícero. O engraçado é que quando estive em um deles me senti em “Asa Branca”, a cidade fictícia da novela “Roque Santeiro”, com as beatas contando a história do santo e o povo abobalhado acreditando em tudo o que lhes diziam. Eu e meu irmão demos boas gargalhadas comentando esse fato.


O museu, apesar de pobre, contém as relíquias do “santo”: roupas, obras literárias (muitas delas em francês) e a mobília de sua casa.

Passamos dois dias em Juazeiro, tempo suficiente para minha mãe e minha avó pagarem suas promessas, e então voltamos a Santana. Assim acabou nossa viagem.


Quanto ao fim da história do padre, ele conseguiu boa parte de seus desejos. A cidade prosperou e graças ao seu nome se tornou famosa em todo o país. O simples e pobre rapaz do interior do Ceará conseguiu o prodígio apenas destinado aos grandes homens da história: Tornou-se imortal, será lembrado para sempre.

O outro desejo é um pouco mais complicado. Apesar de haver hoje um movimento para que a Igreja o reconheça como Santo é pouco provável que isso aconteça num futuro próximo...

-- Thiago Amorim

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Julho

O mês de julho recebeu seu nome em homenagem ao Imperador romano Júlio César (o título não é original, pois o primeiro imperador, de fato, foi Augusto, seu sobrinho neto). Para quem não se lembra das aulas de história, uma das medidas tomadas durante o seu governo foi reorganizar o calendário romano. O mês correspondente se chamava “quintilis”, quinto mês do antigo calendário, que tinha o início do ano em março.

É um mês muito importante para a sociedade ocidental, pois marca eventos importantíssimos para a sua história. Temos a revolução e independência dos EUA no dia 04 de julho 1776, e a Revolução Francesa no dia 14 de julho de 1889, marcado pela tomada da Bastilha em Paris. Os resultados dessas duas revoluções foram a completa reestruturação geopolítica mundial, a tomada do poder pela burguesia e a queda da aristocracia como classe dominante. No dia 20 de julho de 1969 o homem pisou pela primeira vez na superfície da lua.

A nível local é o mês da Festa da Juventude em Santana do Ipanema, uma das festas mais conhecidas do estado, e também da festa de Santa Ana.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

“A era das revoluções” – Hobsbawm;

“A origem de datas e festas” – Marcelo Duarte;