Os planos para a interiorização da capital do Brasil se estendiam desde os tempos em que éramos apenas uma colônia portuguesa. O Marquês de Pombal (o mesmo que expulsou os jesuítas) defendia abertamente a interiorização.
Como sabemos, Salvador permaneceu com o poder administrativo colonial até 1763, quando a sede foi então transferida para a cidade do Rio de Janeiro por questões econômicas. Contudo, dois fatores pesavam para a instalação da capital no interior: segurança e integração. A capital estando no litoral brasileiro tornava-se muito propícia a invasão em caso de guerra e o país também precisava desenvolver os estados mais a oeste e norte, integrando-os a economia. Mesmo assim, após a independência do Brasil, o Rio de Janeiro continuava a ser a capital.
Durante o século XIX cogitou-se a possibilidade de haver a mudança, inclusive com visitas ao local onde hoje se encontra a moderna cidade. O terreno foi localizado e demarcado entre 1891 e 1894, para uma futura instalação e construção, mas os planos foram mantidos paralisados.
A ideia só tornaria a voltar após 1922, e se efetivar ainda mais tarde, com o governo do Presidente Juscelino Kubitschek. O seu “plano de metas” (o famoso “50 anos em 5”) incluía a construção e transferência da capital para o interior do país. Um programa arrojado e ambicioso foi desenvolvido, incluindo a construção de toda uma infra-estrutura e logística para possibilitar a ocupação e o funcionamento da capital em seu novo ambiente (plano criticado por priorizar as rodovias e não as ferrovias).
Os trabalhos iniciaram-se com o lançamento do concurso, em 1956, para a escolha do projeto de construção da nova capital. O vencedor, o urbanista Lúcio Costa, contou com os desenhos de Oscar Niemeyer para a maioria dos edifícios públicos da capital.
Em 1957 as obras foram iniciadas. A construção atraiu milhares de famílias de todas as regiões do país, em especial do Nordeste, que buscavam emprego e melhores condições de vida. Essas pessoas ficaram conhecidas como “candangos”. Com a ajuda desse enorme número de trabalhadores, em 21 de abril de 1960 Brasília estava parcialmente concluída e foi inaugurada por JK. Apesar de ter sido inaugurada, muita coisa ficou pendente na cidade e apenas durante o regime militar a cidade foi finalizada. Ainda assim, alguns órgãos do governo nunca tiveram suas sedes transferidas, como o IBGE por exemplo.
Projetada para acomodar cerca de 600 mil pessoas até o ano 2000, Brasília conta hoje com mais de 2,5 milhões de habitantes. Apesar de sua área central continuar impecavelmente limpa e organizada, as demais cidades do Distrito Federal sofrem com a falta de infra-estrutura e investimentos. Além disso, a cidade conta com poucas opções de transporte e grandes engarrafamentos acontecem todos os dias. Um sistema de metrô foi construído para sanar o problema, mas é ineficiente e apresenta prejuízos financeiros gritantes para o Estado Brasileiro todos os anos.
A capital que deveria integrar foi muito criticada, pois na verdade afastou os brasileiros das decisões políticas. A transferência da capital trouxe tumulto ao Rio de Janeiro e, como forma de compensar a perda política das classes dirigentes daquela cidade, o Estado da Guanabara foi criado. Este existiu por 15 anos até ser extinto pelo governo militar.
Brasília completa 50 anos no dia 21 de abril de 2010, data escolhida à época de forma que a inauguração coincidisse com a data da Inconfidência Mineira e a morte de Tiradentes.
--Thiago Amorim
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