segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

IBGE - Censo 2010

Foram dez meses de trabalho, diversão e muita confusão. Tudo começou em março, quando fomos convocados e nos apresentamos para trabalhar no censo 2010. 

A equipe era formada por Glênia, Ciro, Jaciara, Juliana, Jonathan, Aline, Hélvio e eu. Cada um com seu temperamento, com suas particularidades. Confesso que fiquei cismado no início, devido à experiência do censo anterior, quando uma pessoa fez mal a todas as outras. Mas dessa vez tudo correu perfeitamente bem. Sempre fomos muito unidos.

Acredito que amigos são tão importantes quantos nossos parentes, só que com a conveniência de que podemos escolher quais vão estar ao nosso lado. Fiz grandes amigos dentro dessa turma, amigos que levarei para o resto da vida.

Entre os momentos memoráveis do censo 2010, estão o recebimento do primeiro salário (John quase mata as meninas de vergonha no banco); o trote recebido por Jaciara, que quase enlouquece de tanta raiva; as inúmeras vezes em que Aline sumiu com a chave do posto e deixou “chefa” esperando horas e horas por ela; as viagens para diversos sítios do município; os nossos treinamentos (onde descobrimos a grande atriz que Jaciara é) e o treinamento dos recenseadores, onde fizemos grandes amigos também; os barracos causados por “Shineray”, uma moça nem um pouco educada que vivia perto do posto de coleta; enfim, tudo o que aconteceu nesse tempo, e que será lembrado para sempre por cada um de nós.


Devo falar sobre os apelidos também: “jaci, Ceci, Peri”, ou simplesmente “Jaci”; “Zão”, cujo apelido completo só eu e a Jaciara sabemos; “Cabeludo”; “Chefa”; “a simples dona de casa”; “Melancia”; “H-i-p-e-r-a-t-i-v-o”; “Tartaruga de cem anos”; “Baca”; “Satã”; “Helvinho”; “João”; Todos receberam um apelido durante esses dias, e isso nos fez rir muito.

Enfim, a experiência no Censo foi única. Ouço muitas reclamações sobre o IBGE e os problemas que apareceram durante toda a operação censitária. Digo-lhes que a grande maioria é mentira ou exagero, e mesmo com as dificuldades foi muito gratificante todo o período em que fiquei por lá. Todo o trabalho foi bem recompensado, e apesar de alguns empecilhos, fui muito feliz como Agente Censitário Supervisor no censo 2010.

Grande abraço!

-- Thiago Amorim

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Mera Coincidência - "Wag The Dog"

Matrix, Clones, Equilibrium... São muitas as idéias e filmes que mostram formas de controle das massas. Entretanto vi essa semana um filme que traz idéias de manipulação social de forma menos “futurista”, que traz a domesticação do público de forma mais realista e próxima a nós.

O filme em questão chama-se “Mera Coincidência”, de 1997. Na história o presidente dos EUA está a poucos dias de uma vitória esmagadora em sua candidatura à reeleição, quando uma acusação de abuso sexual ameaça seus planos. É convocada então uma reunião de emergência para solucionar a crise. A idéia que surge é a criação de uma guerra falsa contra a Albânia como forma de mudar o foco do escândalo para a guerra, tudo isso construído por um famoso produtor de filmes em Hollywood. As coisas correm bem até que a CIA se envolve e atrapalha os planos dos conspiradores.

Com um elenco de peso e uma história interessante, “Mera Coincidência” diverte e nos faz pensar. Afinal, os meios de comunicação estão nas mãos de quem? De onde surgem as notícias e quem tem certeza se elas são de fato verdadeiras? São questões levantadas pelo filme e que deveriam ser levadas mais a sério por cada um de nós...

-- Thiago Amorim

sábado, 11 de dezembro de 2010

A última noite de Boris Grushenko

Nesses dias de fim de período na faculdade, quando o nosso "juízo" já está meio abalado, fica difícil se concentrar e fazer algo que preste. Como eu estava à beira de um ataque de nervos, resolvi que deveria parar por algumas horas e assistir a um bom filme.

Passei por diversos canais na TV e nada me agradou. Mas meio que de repente achei um que me pareceu interessante. Confesso que só resolvi vê-lo pelo tema, alguma coisa a ver com Napoleão e a invasão à Rússia em 1812. Não imaginava que iria me divertir tanto!

O filme conta a história de Boris, um jovem russo que se vê obrigado a partir para a guerra em defesa de seu país das agressões napoleônicas. Ele é um covarde convicto e assumido, apaixonado por sua prima Sonja e muito atrapalhado. Apesar desses detalhes acaba surpreendendo na guerra, mais por acaso que por vontade, e se torna um grande herói nacional.

A tal última noite que aparece no título do filme, refere-se ao encontro de Boris e Sonja com Napoleão e um plano para assassiná-lo. É uma comédia inteligente, com diálogos bem construídos e cenas hilariantes, onde a morte tem um papel essencial do início ao fim.

Destaque para as cenas em que Boris conversa com a morte e com a personagem Sonja.

Fica aí a dica. Mais um filme para ver e rever (eu já vi seis vezes!).

-- Thiago Amorim

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Rasputin

Família Imperial Russa

A Família Imperial Russa estava com um grave problema. Seu Czar e sua Czarina não geravam descendentes do sexo masculino, o que seria um entrave para a sucessão. Não é de estranhar, portanto, que após o nascimento de quatro meninas, quando finalmente Alexis nasceu, a corte tenha recebido a notícia com grande alívio. A Rússia Czarista estava assegurada. Isso é o que eles pensavam...

Logo nos primeiros anos de vida, descobriu-se algo terrível sobre o herdeiro do trono russo. Alexis era portador de uma grave doença congênita, que herdara de sua avó materna: a hemofilia. Apenas um corte na mão ou uma pequena queda deixavam sua saúde muito abalada, com o risco de que sangrasse até a morte. A família Imperial estava assustada, desesperada, até que um novo personagem surgiria, mudando para sempre a sua história.

Seu nome era Grigori Yefimovich Novykhn, mas ficaria conhecido apenas pelo nome Rasputin, que significa pervertido em russo. Místico siberiano, dizia que se dirigira a São Petersburgo (então capital da Rússia Czarista), apenas com o intuito de servir a família imperial. Incrivelmente após o contato de Alexis com Rasputin sua saúde começou a melhorar. Não se sabe até hoje qual seria sua técnica, entretanto muitos apostam na hipnose como a forma utilizada para aliviar o sofrimento do garoto. Apesar do auxílio, o monge não era visto com bons olhos pela aristocracia russa, e em pouco tempo foi banido da corte.

Mas parecia que tudo conspirava a favor de Rasputin, pois certo dia Alexis adoeceu seriamente e a Czarina desesperada recorreu aos seus serviços. Com suas palavras o garoto melhorou em pouco tempo e a soberana muito agradecida garantiu que nada faltaria para o novo amigo dos Czares, o salvador de Alexis. Rasputin ganhou a proteção da família imperial russa, e passou a viver com esplendor no cargo de conselheiro do Czar Nicolau II. Era mulherengo e encrenqueiro, causando inúmeras confusões por onde passava, sendo inclusive responsável pela destruição de vários casamentos. Por causa dessa “vida agitada” o incômodo entre os nobres russos continuava, e finalmente resolveram que estava na hora de livrar-se dele.

Rasputin entrou para a vida pública russa em um momento delicado. Convulsões sociais irrompiam por todo o império, a primeira guerra mundial seria um desastre para o Czarismo e o povo se voltava contra os Romanov. O místico tinha consciência disso, mas não estava disposto a perder o prestígio e as mordomias. Conta-se que antes do fatídico dia de sua morte, ele havia proferido uma maldição contra a família imperial, de que se qualquer mal fosse feito contra ele por algum membro dos Romanov, o Czar e sua família morreriam num espaço de dois anos.

Os nobres não se intimidaram e mantiveram o plano de dar fim ao inconveniente Rasputin. Certa noite o convidaram para um jantar na casa de Félix Yussupov, ligado à família imperial, onde o místico imaginava ter a oportunidade de dormir com a esposa deste último. Quando Rasputin chegou foi tratado com muita pompa. A seguir serviram várias taças de vinho, com uma dose de veneno suficiente para matar um elefante. Rasputin não sofreu nada e então o alvejaram com diversos tiros, acertando-o na cabeça e no coração. O espancaram e o castraram, jogando-o a seguir no rio Neva. Incrivelmente ,quando o corpo foi encontrado e analisado alguns dias depois, a autópsia revelou que ele havia morrido por afogamento e não pelas lesões causadas por seus agressores.

O mistério não acabaria aí. Após o enterro de Rasputin, seu túmulo foi violado e o corpo desapareceu. Para alguns ele não estava morto e fugiu da Rússia, para outros a vingança dos nobres se estendeu para o pós-morte.

Odiado por muitos e venerado pelo último Czar do Império Russo, Rasputin foi uma figura intrigante e polêmica no seu tempo. Sua fama deu origem a diversos personagens em filmes e produções literárias durante todo o século XX.

Curiosidades:

- Dezenove meses após a morte de Rasputin, o Czar e toda a família imperial foram assassinados pelos revolucionários bolcheviques;

- Rasputin foi durante o início da sua vida uma espécie de "curandeiro itinerante", tendo viajado por vários lugares na Ásia e Europa até se estabelecer em São Petersburgo;

- Uma das histórias sobre Rasputin é a de que o místico tinha uma enorme genitália. O órgão foi arrancado durante o seu assassinato e conservado durante muito tempo sob a guarda de uma senhora em Paris. Hoje está exposto no museu do sexo em São Petersburgo.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

Nicolau II – Coleção Grandes líderes – Editora Nova Cultural

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dezembro

Chegamos finalmente a Dezembro! Essa será a última postagem sobre a origem do nome dos meses do ano, completando o ciclo que se iniciou em Janeiro de 2010.

A origem do nome dezembro vem do latim decem, que significa dez. Assim como os três meses anteriores a ele, a colocação dentro do antigo calendário romano é que deu origem ao seu nome.

Mês do solstício de inverno no Hemisfério Norte, originou diversas festas pagãs em todo o mundo, que mais tarde seriam aproveitadas pela Igreja Católica para criação dos seus próprios eventos. O Natal, por exemplo, deriva das festividades romanas de Saturnália e do Deus Mitra, ambas ocorridas no mesmo mês e substituídas pela festa de nascimento de Jesus Cristo.

Para a sociedade moderna é o mês das compras, das festividades e de preparação para o novo ano. Segundo a confusão feita em cima do calendário maia, será o mês do fim do mundo em 2012.

Então fazendo uma retrospectiva: O calendário que usamos hoje é o Gregoriano, uma adaptação do calendário Juliano romano, de forma a consertá-lo. Diversos países demoraram a adotar este novo calendário instituído pelo Papa Gregório XIII no século XVI, de forma que muitas datas não coincidiram em alguns lugares do mundo durante a história.
É importante ressaltar também que esse é o calendário Ocidental, por isso diferente dos calendários muçulmano, judaico, chinês, entre outros.

Grande abraço!

-- Thiago Amorim

domingo, 7 de novembro de 2010

Novembro



Dando continuidade a série de textos sobre o significado dos meses do ano, chegamos ao penúltimo post. Esse mês, assim como o anterior, tem seu nome derivado da posição dentro do antigo calendário romano: nono mês do ano recebeu o nome de novembro, e assim permaneceu mesmo após a adição de mais dois meses no calendário.

É o mês do dia de finados e do dia de Todos os Santos para a Igreja Católica (se você fez dívidas para pagar no dia de São Nunca, chegou a hora!); do gigantesco terremoto que destruiu Lisboa em 1755; do golpe de estado no dia 15, que ficou conhecido como Proclamação da República no Brasil; do fim da Primeira Guerra mundial em 1918, e das reviravoltas na Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha perdeu fôlego nas suas campanhas contra a Rússia em 1942.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

A origem de datas e festas – Marcelo Duarte
As cem maiores catástrofes da história – Stephen J. Spignesi

Imagem: Proclamação da República - Obra de Benedito Calixto

sábado, 30 de outubro de 2010

A ilha

A ilha é um filme que nos faz pensar sobre como vivemos e a sociedade que estamos construindo. Contando com toda a “pirotecnia hollywoodiana”, com cenas de ação de tirar o fôlego, não perde seus méritos e é de fato uma obra prima da sétima arte. Como nunca mais escrevi alguma dica de filme, resolvi expor sobre esse, que já estreou há alguns anos, mas é interessante e vale a pena ser visto. No pequeno relato abaixo há diversos spoilers* e muito da minha opinião pessoal. Espero que gostem!

Numa antiga base militar americana em meio ao deserto, um complexo futurista guarda um segredo que pode mudar para sempre as relações sociais do nosso planeta. Uma organização ligada ao governo americano diz oferecer a cura para morte através da clonagem. Entretanto, os clientes dessa organização, não sabem que seus clones (ou agnatos, como são chamados no filme) possuem vida social e tem sentimentos humanos.

Para que os clones permaneçam pacíficos e não desconfiem de nada do mundo lá fora, uma série de mentiras é criada, como uma contaminação global onde só eles escaparam, e a existência de uma ilha, na qual todos terão o direito de viver ao ganhar na loteria. Os segredos da organização correm perigo quando os clones começam a desconfiar que tudo o que se passa dentro do complexo é uma farsa. Alguns fogem e é iniciada uma caçada desesperada em busca dos foragidos. Por fim os clones conseguem salvar a todos e destruir a base secreta. A história se passa no ano de 2019.

O filme mostra o que as inovações tecnológicas e cientificas podem trazer de bom ou ruim para a nossa sociedade. Percebe-se no decorrer da história que a tecnologia facilita em vários pontos da nossa vida, como nos setores de transporte, informação, comunicação, segurança e saúde. Mas também revela os perigos de uma “liberação científica”.

A sociedade é enganada devido à maravilha que a ciência proporciona: A extinção da morte ou o prolongamento da vida para quem puder pagar. Os clones são vistos como produtos e tratados de igual forma, havendo de fato uma mercantilização da vida, mesmo quando os clientes não conheçam a verdade sobre o negócio. Dessa forma a empresa prestadora de serviços, ficou livre para atuar da maneira como desejasse sem precisar ser fiscalizada, infringindo diversas leis éticas. A tecnologia cegou o homem, e nesse sentido foi maléfica. Houve a criação de um segundo holocausto, que como o nazista, gerava lucros.

Também é explorado o sentido de alienação. Os clones ficam “cegos”, presos ao seu mundo devido ao grande grau de controle e manipulação que a tecnologia proporciona. Sem saber, os clones trabalhavam para o progresso da instituição e, consequentemente, para suas próprias mortes.

-- Thiago Amorim


*Spoilers são informações que revelam partes, ou o todo, do enredo de histórias e filmes.

domingo, 10 de outubro de 2010

Teodora e Justiniano

O Império Romano do Ocidente há meio século havia evaporado sob as invasões bárbaras. Em contrapartida, no leste, Bizâncio ainda mantinha-se forte e em breve experimentaria o esplendor em sua forma mais criativa e visível: a arquitetura. O responsável por esse avanço seria o grande Imperador Justiniano I. Seu governo traria prosperidade irrestrita para os Bizantinos, inclusive a recuperação da cidade de Roma e outras províncias perdidas.

Representação do Imperador Justiniano e sua Corte em um mosaico na Catedral de Ravena

O novo Imperador não vinha de família nobre, havia ascendido através do exército Romano e era muito popular entre as massas. Mas esse quadro não se repetia entre a nobreza. A inveja e a raiva por não estarem no poder faziam com que os nobres debochassem de Justiniano. Em breve, eles teriam muito mais poder de fogo, muito mais sobre o que falar. Isso aconteceu porque o Imperador caíra de amores por uma artista de circo, Teodora. Segundo as más línguas ela já havia sido até mesmo prostituta. Isso, é claro, não impediu Justiniano de amá-la e transformá-la em Imperatriz Consorte, dividindo o poder consigo. Era tamanho o poder de influência de Teodora, que Justiniano fazia tudo que ela lhe pedisse.

Representação de Teodora e sua Corte em um mosaico na Catedral de Ravena

Seguindo os conselhos da Imperatriz, ele ergueu magníficas obras públicas na capital do Império. Apesar da prosperidade que Bizâncio alcançou em seu governo, aparecia, cada vez com mais frequência, a insatisfação por causa dos pesados impostos e também pela inveja da Corte. Assim, deflagrou-se uma revolta que ameaçou o poder do casal imperial e abalou os alicerces de Bizâncio. Justiniano, assustado, decidiu fugir e tentou levar Teodora. A Imperatriz, firme como sempre, o obrigou a voltar até os locais da revolta e repelí-la. Justiniano assim o fez e venceu a batalha contra os revoltosos. Cerca de 30.000 pessoas morreram num único dia.

Basílica Hagia Sophia - hoje um museu em Istambul, na Turquia
Os minaretes (as 4 torres da basílica) não existiam até a conquista turca no século XV

A seguir, coube a ele a tarefa de reconstruir a capital. Diversas igrejas foram destruídas, incluindo a Basílica Imperial e a Igreja dos Santos Apóstolos. Justiniano não só mandou as reerguer, como as transformou nas maiores jóias da arquitetura bizantina. A Basílica de Santa Sofia foi tão bem projetada e construída que ainda hoje permanece de pé em Istambul (a cúpula desabou e precisou ser refeita algumas vezes por causa de terremotos, mas o corpo da igreja continua lá). A Igreja dos Santos Apóstolos, contudo, não teve a mesma sorte. Após a queda de Bizâncio, foi completamente destruída e se ergueu sobre ela uma mesquita em homenagem ao conquistador da cidade de Constantinopla.

Representação de como seria a Igreja dos Santos Apóstolos

Após duas décadas de união, Teodora faleceu e deixou Justiniano sozinho no poder. O Imperador nunca mais se mostrou feliz. Na ocasião da própria morte teve seu corpo enterrado ao lado da amada, onde permaneceram juntos por mil anos, até que seus túmulos reais fossem revirados pelos cruzados e destruídos pelos turcos.

-- Thiago Amorim


Para saber mais:


Declínio e Queda do Império Romano - Edward Gibbon


Bizâncio: A ponte da Antiguidade para a Idade Média - Michael Angold

sábado, 9 de outubro de 2010

Outubro



Oitavo mês do calendário romano, outubro tem seu nome derivado justamente disso. Na verdade, os meses subseqüentes a agosto preservaram seu nome de acordo com a colocação no esquema de formação do ano; não foram utilizados como homenagem a nenhum Imperador ou divindade romana.

Essa preservação foi seguida à risca, de forma que mesmo após o calendário ter passado a contar com doze meses, os nomes continuassem. Com a constituição do calendário Gregoriano (formado para consertar os erros em datas e eventos do anterior, o Juliano), os meses permaneceram com seus nomes inalterados.

Outubro tem datas importantes no Brasil. É o mês das eleições (que sempre são realizadas entre o primeiro e o último domingo do mês), das crianças, dos professores e da padroeira do Brasil. Seguindo o "the american way of life", o "halloween", data tipicamente americana, tem aparecido com frequência por aqui também. Em Santana temos tradicionalmente a festa de São Cristóvão, com carreata e cavalgada.

-- Thiago Amorim  

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mulher de branco!

Adorei esse texto criado pelo meu grande amigo José Marques.
Traz um trecho bem legal da nossa infância, lá no colégio Sagrada Família. 
Resolvi expô-lo aqui na íntegra. 
Vale a pena conferir!!!



Era uma terça-feira do mês de maio, quando acordei suado e ofegante, olhei para o relógio que estava pendurado na parede do meu quarto e vi que eram 07h16min, faltavam apenas 14 minutos para começar a aula e eu ainda estava deitado com a cara toda inchada e morrendo de sono. Levantei-me correndo, tomei meu banho, vesti minha farda branca com shorts azuis, calcei meu tênis e sem tomar o café da manhã preparado com tanto amor por Dona Maria, minha avó, corri para escola como quem foge da polícia.
Quando cheguei, a porta já estava fechada...
O Instituto Sagrada Família era conhecido por ser muito rigoroso com seus alunos e a disciplina. Todos os dias a porta do Instituto fechava às 07:30h e ai de quem chegasse atrasado; não entrava. Era no ano de 1994, o Sagrada não estava mais sob a direção das freiras alemãs, estava agora sob o julgo do famoso e temido, por grande parte dos alunos, padre Delorizano. O padre dirigia a escola com mãos de ferro, todos nós tínhamos medo de levar um “gato” dele.
Chamei alto por quem estava na secretaria nesse dia, até que eu não estava muito atrasado. Depois de alguns gritos desesperadores lá vinha Tia Madalena com as chaves na mão.
- Isso são horas? Perguntou ela abrindo a porta.
- Dormi demais hoje, tia.
- Pois então corra que já começou a aula.
- Obrigado.
Mulher alta e de cabelos pretos, Tia Madalena era um amor de pessoa e todos gostavam dela.
Chegando na sala vi que Tia Enilva já estava escrevendo no quadro negro as lições de matemáticas que tanto temia, aquele giz descendo, subindo e circulando dando forma aos números soava como tortura e noites de aperreio para aprender a tabuada.
- Licença Tia Enilva.
- Entre Marques. Disse a Tia. – Isso são horas de chegar? Sente logo e copie o que está no quadro.
Entrei na sala e fui logo sentando na minha banca com meu colega Thiago. Naquele tempo as bancas ainda eram duplas e todos tinham seus pares na sala. Thiago era uma criança magra e muito branca, parecia que não via o sol desde o seu nascimento, tinha uma inteligência que fazia inveja até pros mais adiantados da escola e adorava fazer desenhos de prédios e palácios nos seus cadernos e no quadro negro.
O que eu mais gostava na escola era a hora do recreio! Não tinha hora melhor. Quando tocava a campainha, o pátio vazio e calmo se transformava num mar turbulento e revolto cheio de meninos e meninas, que riam, corriam, caiam, pulavam, chorava, subiam em árvores ou simplesmente sentavam nos banquinhos e comiam suas merendas.
Nós, da segunda série, gostávamos de brincar de várias coisas, não existia brincadeira pré-definida. Nós inventávamos na hora, tinha do tradicional pega-pega e esconde-esconde ou fascinante “tubarão” e “homem pega mulé e mulé pega os homens”, eu claro, gostava mais desta, rezava pra que a minha paquera viesse correndo me pegar. Ganhar um aperto no braço ou abraço forçado da paquera não tinha preço nenhum no mundo que pagasse.
Mas aquela terça-feira era especial, tinha algo a mais que iria nos assombrar pelo resto de nossas infâncias, ou até quando durasse a nossa imaginação fértil e inocente. Existia uma lenda no Sagrada, uma lenda que passou de geração a geração, uma lenda que depois de velho e entendido de mundo viria a saber que ela era internacional e não exclusividade nossa. Era a lenda Mulher de Branco.
A Mulher de Branco povoava o banheiro feminino e todos tinham medo dessa bendita alma penada. Sempre ouvíamos histórias dos alunos mais velhos que contavam que lá no banheiro existia um espírito de uma menina que tinha estudado no Instituto há muito tempo e que tinha morrido naquele banheiro, desde então não parava de assombrar a todos que entrassem lá.
Meninos e meninas, todos fitavam atentos a porta do banheiro feminino, olhávamos bem, todos agrupados, como num grande abraço coletivo, íamos nos aproximando cada vez mais perto do banheiro, os passos eram contados e medidos simetricamente, quanto mais nos aproximávamos mais temerosos ficávamos, mais unhas sumiam, mais apertos nos braços ganhávamos e quando chegávamos bem na porta... Alguém do grupo gritava com muita força e todos corriam como se algo do “além-vida” tivesse aparecido e dado um grande susto. Ninguém ficava perto, uns corriam para o pátio, outros atordoados, coitados, corriam em direção nenhuma e ficavam rodando sem rumo e sem destino.
Era uma verdadeira aventura, a adrenalina estava a mil, o coração parecia que iria saltar fora, quando saíamos de perto do banheiro nos encontrávamos no pátio e todos estavam com ar de cansado e ofegantes, o medo estava presente na gente, mas o que predominava eram as risadas soluçadas e as caras de satisfação e divertimento de crianças inocentes e ingênuas que faziam daquela lenda um motivo para brincar.
JOSÉ MARQUES DE VASCONCELOS FILHO
MACEIÓ, 06 DE SETEMBRO DE 2010

P.s. Obrigado Marques.
Saudades desses tempos...
-- Thiago Amorim