domingo, 10 de abril de 2011

Simone

Um diretor com talento incrível, mas incompreendido pela indústria do cinema; uma atriz com excesso de “estrelismo”; um cientista da computação louco e à beira da morte. Três histórias que se fundem em apenas uma. Essa é a jogada inicial do filme “Simone”, uma obra prima do cinema (pelo menos sob meu ponto de vista).

Quando a atriz principal do seu filme desiste das gravações, Viktor Taransky (Al Pacino) perde a credibilidade, o financiamento e o emprego. Desesperado e sem saber o que fazer, imagina estar arruinado, até que um desconhecido admirador do seu trabalho aparece com uma solução inusitada: a possibilidade de criar uma Diva totalmente computadorizada com o que há de melhor na indústria do cinema.

O resultado é um sucesso estrondoso, mas também uma série de confusões. Simone se torna um ícone, com milhões de fãs em todo o mundo, e uma espécie de personalidade dentro do “Eu Taransky”.  Para provar a existência da diva virtual, o diretor cria loucas situações de forma a satisfazer as cada vez maiores exigências do público.

A mentira ajuda Taransky e ele recupera a dignidade. Aos poucos, contudo, é esquecido pelo público e até por si mesmo. O choque de interesses, e o cada vez maior conflito interior fazem com que Viktor tome medidas extremas para solucionar o enorme problema que criou. Não imaginava ele que Simone tornara-se tão real que para o público, e até para si mesmo, ele quem passara a ser inexistente.

O filme peca em apenas um ponto. O de ser tão curto! Com uma história tão legal, Simone poderia avançar e ousar mais, talvez aprofundando o conflito interior de Taransky.

Assim encerro mais uma dica de filme, daqueles para ver e rever.

Grande abraço!

-- Thiago Amorim

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A cidade no mar

Outro dia estávamos na faculdade e surgiu durante a conversa entre amigos a ideia de se fazer cidades sobre o mar... Lembrei na ocasião que já havia visto algo parecido, inclusive sendo um projeto antigo. Resolvi então pesquisar novamente o assunto e depois de encontrá-lo decidi postar aqui.

A cidade a qual me referia surgiu na antiga União Soviética, no que seria o atual país do Azerbaijão. Trata-se de “Neft Daşları”, ou em inglês “Oil Stones” (Pedras de petróleo). Como o próprio nome sugere, a cidade surgiu aliada a produção de petróleo.

Com grande sede por recursos energéticos após o fim da Segunda Guerra Mundial, e, até então, poucas reservas para expandir a produção de petróleo em terra, os líderes soviéticos abraçaram a ideia de buscá-lo no mar. Como solução para garantir a mão-de-obra necessária para a realização dessa empreitada, decidiu-se pela construção de uma grande cidade junto às plataformas petrolíferas.

Situada há mais de 40 km da costa, em meio ao Mar Cáspio, sobre gigantescos blocos de aço, surgiria uma enorme cidade que teria escolas, bibliotecas, indústrias e parques públicos, de forma a garantir que milhares de pessoas dividiriam esse espaço com conforto e comodidade.

Apesar dos problemas logísticos envolvidos, a construção terminou em meses. Um grande feito da engenharia que surpreendeu o mundo.

O sonho, entretanto, não foi tão promissor. Alguns anos após o término, à medida que suas reservas petrolíferas esgotavam e novos campos de extração surgiam no extremo norte russo, a cidade foi sendo abandonada. Dependente economicamente do negócio do petróleo, Neft Daşları” foi desativada quando essa indústria dali se retirou. O que talvez tenha sido um dos mais ambiciosos projetos da história simplesmente deixou de ter importância e foi esquecido*.


A história de “Neft Daşları” mostra que apesar dos projetos propostos para a construção de cidades no mar existentes hoje em dia, deve-se creditar aos comunistas soviéticos a ousadia e o pioneirismo de levar o homem e sua mais característica invenção, a própria cidade, ao mar.

Curiosidades:

* A cidade perdeu a produção de petróleo, mas não foi completamente abandonada. Estima-se que duas mil pessoas ainda vivam lá atualmente.


-- Thiago Amorim

domingo, 13 de março de 2011

Tsunami

Tsunami que devastou a região costeira do nordeste japonês em 2011
Foto: Mainichi Shimbun/ Reuters

Essa palavra foi pouco conhecida no Brasil até que a devastação na Ásia em 2004 a trouxe para o nosso cotidiano. E parece que depois que chegou não quis mais ir embora, já que nos anos seguintes cada vez mais notícias relativas a esse tipo de acontecimento têm aparecido, sendo o caso japonês o mais recente. Mas porque acontecem as “ondas gigantes” ou “tsunamis”? 

Para entendermos os tsunamis primeiro devemos entender que a Terra não é um bloco sólido, e muito menos estático. Ela é na verdade repleta de camadas, como uma cebola, que vão da superfície até o centro. Essas camadas são compostas de diversos elementos como rochas e ferro, ou simplesmente magma. E sempre se movimentam. Graças a essas movimentações os continentes surgiram e se modificaram ao longo do tempo, e é também graças a elas que temos o nosso campo magnético, que nos protege dos raios solares.

A superfície do planeta está assentada sobre a crosta, camada esta que desliza sobre as demais e é fraturada em gigantescas placas. São as chamadas placas tectônicas. Elas estão em constante movimento e inevitavelmente tendem a chocar-se umas com as outras. E aí reside o segredo dos terremotos, e por conseqüência, dos tsunamis.

Quando há um choque entre as placas acontecem os terremotos. Suas intensidades são medidas numa escala criada por Charles Francis Richter. Assim, de acordo com a intensidade do tremor e do choque, pode-se diagnosticar na escala Richter a magnitude do terremoto. Cada grau na escala equivale a números cada vez mais cataclísmicos em relação aos anteriores. Um terremoto de escala 6 tem uma força dez vezes maior que um de escala 5. Já um de escala 9 tem um poder 100 vezes maior que um de escala 7.

No caso do evento ter sido abaixo do leito do oceano, principalmente se houver rompimento ou elevação de terreno submarino, as ondas gigantes ou “tsunamis” aparecem, arrasando grande parte das regiões costeiras que estejam no seu caminho.

No mundo inteiro há áreas propícias ao surgimento de terremotos, mas em áreas específicas, próximas das fissuras nas placas tectônicas, os riscos e as atividades sísmicas são maiores. No caso do Japão há grande intensidade de sismos devido a sua localização sobre o que os cientistas chamam de “Círculo de fogo do Pacífico”, uma área de encontro de placas que se arrasta desde a América do sul, alcança a América do norte, a Ásia e a Oceania.

Área que os cientistas chamam de "Círculo de fogo do
Pacífico" em reprodução do "the history Channel"

Como se pode ver, os tsunamis que aconteceram recentemente não têm relação alguma com os impactos ambientais causados pelo homem, mas sim com as movimentações naturais da crosta terrestre. No caso dos terremotos, diferentemente de outras catástrofes naturais, não podemos fazer nada a não ser torcer por impactos menores e preparar-se sempre para o pior. Países que se preparam têm número de mortes relativamente pequenos mesmo em terremotos de grandes magnitudes. O Japão é um exemplo disso...

-- Thiago Amorim

Para saber mais: Breve história de quase tudo - Bill Bryson

* Não apenas terremotos podem causar tsunamis. No caso de avalanches, deslizamento de terra, explosões submarinas, entre outros eventos que desloquem uma grande quantidade de água do mar, os tsunamis podem aparecer e causar estragos.

sexta-feira, 11 de março de 2011

O Sertão

A vegetação carcomida pelo sol cáustico; as pedras surgidas do solo morto e ressequido, frutos do clima árido do sertão, dão uma aparência desoladora à paisagem. Animais mortos, lagos secos, seres famintos; povo sofredor, angustiado. O sertão das cores marrom e cinza. Isso é tudo o que se vê; tudo o que se “vende” por aí.

Durante boa parte do ano essa paisagem se transforma e revela um lado fascinante, conhecido apenas por aqueles que vivenciam a mudança.

As árvores, aparentemente mortas, renascem em uma profusão de cores e perfumes. O solo árido torna-se fértil e produz com abundância. O povo anima-se; a festa é grande. A novena é rezada; a padroeira homenageada. A vida segue com fartura e alegria, com a esperança de que tudo será sempre bom. O Sertão lindo, doce e agradável aparece.

É pouco conhecido, não é anunciado. Mas encanta, apaixona, emociona, diverte. O povo daqui o conhece; o povo que ama, que sofre, que ri... O povo do Sertão... O Sertão...

-- Thiago Amorim

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia da mulher!

No dia oito de março comemora-se o dia internacional da mulher. Em homenagem a tão importantes seres, resolvi expor aqui uma mensagem que me emocionou há alguns anos. É um poema escrito por Sam Levenson e adotado pela maravilhosa atriz Audrey Hepburn...

Espero que gostem!

Abração!

O texto a seguir foi lido pela atriz no natal de 1992 para os seus filhos. Também há um trecho do Talmude que revela a importância da mulher...




"Segredos de beleza de uma mulher (Sam Levenson)



1 - Para ter lábios atraentes, diga palavras doces;

2 - Para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas;

3 - Para ter um corpo esguio, divida sua comida com os famintos;

4 - Para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar os dedos neles pelo menos uma vez ao dia;

5 - Para ter boa postura, caminhe com a certeza de que nunca andará sozinha;

6 - Pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas e redimidas; jamais jogue alguém fora;

7 - Lembre-se que, se alguma vez precisar de uma mão amiga, você a encontrará no final do seu braço. Ao ficarmos mais velhos, descobrimos, porque temos duas mãos, uma para ajudar a nós mesmos, a outra para ajudar ao próximo;

8 - A beleza de uma mulher não está nas roupas que ela veste, nem no corpo que ela carrega, ou na forma como penteia o cabelo. A beleza de uma mulher deve ser vista nos seus olhos, porque esta é a porta para o seu coração, o lugar onde o amor reside;

9 - A beleza da mulher não está na expressão facial, mas a verdadeira beleza de uma mulher está refletida em sua alma. Está no carinho que ela amorosamente dá, na paixão que ela demonstra;

10 - A beleza de uma mulher cresce com o passar dos anos.

O Talmud é um livro onde se encontram condensados todos os depoimentos, ditados e frases pronunciadas pelos Rabinos através dos tempos. Há um ditado que termina assim:

'Cuida-te quando fazes chorar uma mulher, pois Deus conta todas as suas lágrimas. A mulher foi feita da costela do homem, não dos pés para ser pisada, nem da cabeça para ser superior, mas sim do lado para ser igual, debaixo do braço para ser protegida e do lado do coração para ser amada.'"


Que todas as mulheres tenham um dia, uma semana, um ano, e uma vida maravilhosas. Que coisas horríveis como a caça às bruxas da Idade Média, a repressão costumeira e o abandono presente em todas as eras da humanidade jamais se repitam... Que as mulheres sejam valorizadas como realmente merecem!

Feliz dia 08 de março! Feliz dia da mulher!

-- Thiago Amorim

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cristo Redentor

Estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro

Ele é uma das novas sete maravilhas do mundo. É um símbolo internacional do Brasil e foi um presente doado pela França para o povo brasileiro.

Tem algo errado na frase acima...

E tem mesmo. Na verdade a estátua do Cristo, no Rio de Janeiro, foi financiada através de doações angariadas por todo o Brasil, em campanha feita pela Igreja Católica, e diferentemente do presente francês para os EUA, a Estátua da Liberdade, construído completamente em solo brasileiro.

Há ainda quem diga que a estrutura da estátua não tenha sido desenvolvida no Brasil ou por brasileiros. Pesquisas recentes, contudo, comprovam que o engenheiro brasileiro Heitor da Silva Costa foi o responsável pelo projeto e pelos cálculos estruturais. A confusão a respeito do tal “presente francês” vem do fato que as mãos e a cabeça da estátua, ambas peças esculturais, foram desenvolvidas pelo artista francês Paul Landowski.

Os trabalhos de construção iniciaram-se em 1926 estendendo-se até o dia 12 de outubro de 1931. A cerimônia de consagração do monólito de concreto e pedra sabão foi muito festejada por todo o país.

Estátua do Cristo Redentor durante a sua construção
Prestes a completar oitenta anos ele permanece como uma das maiores estátuas representando Jesus Cristo no mundo. Suas dimensões são impressionantes não apenas pelos números, mas também pela localização. Com 38 metros de altura, sendo oito de pedestal, o Cristo Redentor está localizado no alto do Morro do Corcovado no Rio, a uma impressionante altitude de 700 metros.

A estátua aparece com freqüência em diversas produções na televisão e cinema mundiais, e é visto por muitos como o símbolo indiscutível da fé católica do povo brasileiro. A ironia de tal afirmação, contudo, é que apesar de ser visto como tal, a estátua está localizada no Estado com a menor proporção de católicos no Brasil.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

Detetives da história - The history Channel

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Bastardos Inglórios!

O que teria acontecido caso uma milícia* organizada por assassinos profissionais tivesse aterrorizado o exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial, e atentado contra a vida do Füher? O que uma jovem judia que perdeu toda a sua família poderia fazer para prejudicar o sádico plano dos alemães? É partindo do “e se” e fundindo essas duas histórias que o filme “Bastardos inglórios” constrói sua trama.
Dividida em capítulos, a narrativa conta com uma belíssima fotografia e também uma maravilhosa trilha sonora. Há durante todo o desenrolar do filme uma sensação de medo e angústia, seguidas de momentos de euforia e alívio. Há também certo sentimento de perda ao fim do filme, principalmente pela morte de personagens aos quais nos afeiçoamos desde o início.
As atuações estão impecáveis. Até o Brad Pitt (que em minha opinião é um péssimo ator) me surpreendeu. Mas quem mais chama atenção é a Mélanie Laurent no papel de Shoshanna Dreyfus, a garota judia que foge da perseguição alemã, e terá papel central no desfecho da história. Outro ator a se destacar é o Christoph Waltz, no papel de um coronel da SS muito inteligente e sem piedade alguma. Ele recebeu vários prêmios por sua atuação.
É um filme para todos os gostos, desde aqueles que adoram história, aos que buscam apenas diversão.
Mais um para ver e rever...
Grande abraço!
-- Thiago Amorim
* De fato várias milícias e movimentos de resistência surgiram durante a Segunda Guerra Mundial nos países ocupados. Alguns com sucesso, outros nem tanto. Obviamente o do filme é fictício.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Caviar

“Você sabe o que é caviar? Nunca vi nem comi eu só ouço falar...”

Assim começa a música, famosa em todo o nosso país, que fala sobre a tão desejada iguaria e a quase inacessibilidade a ela para quem não tiver menos de sete dígitos na conta bancária. Apesar de ser uma realidade atualmente, nem sempre as coisas foram assim. Ao longo da história o caviar foi comida de pobre, serviu como ração para porcos, foi tão barato quanto manteiga e nem um pouco “glamouroso”.

Sendo apenas ovas de peixe salgadas (mais especificamente ovas do esturjão), o caviar nada tinha de especial até o século XIX, quando os nobres russos começaram a frequentar as cortes europeias com enorme séquito de servos, exigindo caviar com champanhe, e fascinando os aristocratas e ricos burgueses de Paris, Londres, Berlim e Viena.

Em pouco tempo o deslumbre com esse estilo de vida faria os burgueses europeus se apaixonarem pela iguaria e adotá-la como comida da elite em todo o mundo. O aumento do desejo pelo caviar fez com que diversas empresas surgissem na Europa cuja finalidade era apenas a importação, fabricação e comercialização das ovas.


Encontrado em diversos rios por todo o hemisfério norte, o esturjão é um peixe grande e extremamente dócil. É mais antigo que os dinossauros e tem cerca de 30 espécies cujas ovas produzem caviar de diversos tipos e qualidades. O consumo de ovas de peixe não se restringe apenas ao esturjão, mas o caviar só é qualificado como tal caso derive dele.

O boom do caviar experimentou dois momentos na história. O primeiro, ainda durante o século XIX, exterminou o esturjão em rios da Europa e EUA. O segundo, após o colapso do comunismo e da União Soviética na década de 90 do século XX, levou a quase extinção dos esturjões no Mar Cáspio.

A construção de diversas hidrelétricas no Rio Volga, um importante desovadouro do esturjão e um dos maiores rios da Rússia, também contribuíram para o desaparecimento do peixe, mas tentativas de reimplantá-lo por meio da alevinagem e reintrodução de espécies no Volga tiveram algum resultado. Contudo, após o fim da URSS, esses procedimentos diminuíram e o peixe ficou seriamente ameaçado.

Existe hoje uma crescente preocupação entre consumidores, produtores e organismos ambientais para a preservação do esturjão no Cáspio, mas a poluição, a destruição do seu habitat, a pesca excessiva e o comércio ilegal das ovas são ainda os maiores entraves para a sua salvação.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

Caviar: a estranha história e o futuro incerto da iguaria mais cobiçada do mundo - Inga Saffron

sábado, 1 de janeiro de 2011

Século XXI


Em uma cidade perto daqui há um monumento que me chama bastante atenção. Nele está escrito uma mensagem de saudação, vindo das pessoas do século XIX para as pessoas do século XX. Não sei a sua história e os motivos que levaram a sua construção, mas imagino que ele simbolizasse a esperança das pessoas que o idealizaram na nova era que surgia e que, fatalmente, cada uma dessas pessoas jamais presenciaria.

Catorze anos passariam até que as pessoas do novo século tivessem uma prévia do que seria todo o século XX: Uma sucessão de guerras; duas ou três delas guerras mundiais.                                                           

Agora chegamos ao fim da primeira década do século XXI. É interessante pensar sobre isso e imaginar o que as pessoas desejavam para todo o século XX quando da conclusão de sua primeira década. Naquele tempo, assim como no ano da construção do monumento citado anteriormente, muitos nem imaginavam os sofrimentos, as descobertas e as inúmeras revoluções que balançariam o planeta nos próximos cem anos. E aqui estamos nós, cem anos depois desse dia, e dez anos depois do início do nosso próprio século, do século XXI.

Nem carros voadores, nem colônias espaciais. O homem continua ligado a Terra e parece que vai ficar por aqui muito tempo ainda. Os conflitos continuam gigantescos e cada vez mais distribuídos por cada pedaço do planeta. A água nunca foi tão importante e os impactos ambientais tão perigosos.

Mesmo assim, temos do que nos orgulhar. Saúde, educação, segurança. Muitas coisas em muitos lugares avançaram, tornando a vida humana mais fácil. É irônico perceber que apesar de termos evoluído tanto em diversos campos, não avançamos na aceitação ao próximo, na humanidade em si. Alguns ainda vivem com a cabeça na Idade Média, presos a ideias e preconceitos ultrapassados. Mas digo a vocês... Essas pessoas não terão muito futuro nesse novo século. Elas nem ao menos terão muito tempo.

Karl Marx dizia que as novas gerações são assombradas pelas tradições das anteriores, e por causa disso presas a dogmas e convenções que não lhes pertencem, que não deveriam ser importantes. Acredito, entretanto que a partir de agora isso não mais acontecerá. As pessoas nunca tiveram tanto acesso a educação, cultura e informação. As pessoas nunca puderam pensar por si mesmas como podem hoje.

Assim, tenho confiança de que apesar de todos os conflitos e problemas, estamos numa época de mudança profunda, de validação de direitos, do respeito ao próximo, da construção de uma nova humanidade. Com esperança digo que no século XXI a vida será valorizada acima de qualquer outra coisa.

É com essa certeza, com o desejo por dias melhores que finalizo esse texto. Que o século XXI traga apenas felicidade, paz e bonança para todos nós.

Feliz 2011!!!

-- Thiago Amorim

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

IBGE - Censo 2010

Foram dez meses de trabalho, diversão e muita confusão. Tudo começou em março, quando fomos convocados e nos apresentamos para trabalhar no censo 2010. 

A equipe era formada por Glênia, Ciro, Jaciara, Juliana, Jonathan, Aline, Hélvio e eu. Cada um com seu temperamento, com suas particularidades. Confesso que fiquei cismado no início, devido à experiência do censo anterior, quando uma pessoa fez mal a todas as outras. Mas dessa vez tudo correu perfeitamente bem. Sempre fomos muito unidos.

Acredito que amigos são tão importantes quantos nossos parentes, só que com a conveniência de que podemos escolher quais vão estar ao nosso lado. Fiz grandes amigos dentro dessa turma, amigos que levarei para o resto da vida.

Entre os momentos memoráveis do censo 2010, estão o recebimento do primeiro salário (John quase mata as meninas de vergonha no banco); o trote recebido por Jaciara, que quase enlouquece de tanta raiva; as inúmeras vezes em que Aline sumiu com a chave do posto e deixou “chefa” esperando horas e horas por ela; as viagens para diversos sítios do município; os nossos treinamentos (onde descobrimos a grande atriz que Jaciara é) e o treinamento dos recenseadores, onde fizemos grandes amigos também; os barracos causados por “Shineray”, uma moça nem um pouco educada que vivia perto do posto de coleta; enfim, tudo o que aconteceu nesse tempo, e que será lembrado para sempre por cada um de nós.


Devo falar sobre os apelidos também: “jaci, Ceci, Peri”, ou simplesmente “Jaci”; “Zão”, cujo apelido completo só eu e a Jaciara sabemos; “Cabeludo”; “Chefa”; “a simples dona de casa”; “Melancia”; “H-i-p-e-r-a-t-i-v-o”; “Tartaruga de cem anos”; “Baca”; “Satã”; “Helvinho”; “João”; Todos receberam um apelido durante esses dias, e isso nos fez rir muito.

Enfim, a experiência no Censo foi única. Ouço muitas reclamações sobre o IBGE e os problemas que apareceram durante toda a operação censitária. Digo-lhes que a grande maioria é mentira ou exagero, e mesmo com as dificuldades foi muito gratificante todo o período em que fiquei por lá. Todo o trabalho foi bem recompensado, e apesar de alguns empecilhos, fui muito feliz como Agente Censitário Supervisor no censo 2010.

Grande abraço!

-- Thiago Amorim