quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma breve história de Collor no poder (Por que não votar neLLe!)

Há cerca de 30 anos uma figura aparecia na política do estado de Alagoas. Era uma personagem impecável, bem vestida e perfumada, cujos traços polidos e organizados traziam promessas que visavam à modernização, o desenvolvimento e a projeção do nosso estado como potência além das fronteiras do país. Afinal, com as políticas implementadas por tal figura, maximizaríamos a nossa produção, reduziríamos custos e criaríamos empregos. O Estado de Alagoas iria, segundo ela, “bombar” (para usar o jargão popular).

Eis que a peça entrou no governo. Primeiro da capital do estado, onde frustrou a todos os funcionários do município. A seguir, venceu a eleição para Governador e jurou que seria o “caçador de marajás”, o homem que nos colocaria “nos trilhos”.

O tempo passou e a figurinha continuou sua ascensão. Em pouco tempo, iludiu todo o país e levou a presidência. Seu governo dessa vez não teria a “sorte” que teve em Alagoas e em pouco menos de dois anos foi à pique, deixando o Brasil numa quebradeira que só seria superada, em partes, dez anos depois.

Pois bem, analisemos os governos della (a personagem), delle (o homem), do monstro (muita gente o chama assim), sob a perspectiva de retrocesso (já que isso também é adjetivo para elle, afinal).

Como presidente, Collor prometeu solucionar o gigante e terrível problema da inflação, que naquela época assolava o país. Sua primeira medida foi a de roubar, isso mesmo, roubar todo o país. Confiscou a poupança, a maior fonte de investimento do povo brasileiro, e deixou milhares de pessoas morrerem de fome. Mas não foi só isso. Elle adotou o liberalismo (marca forte em todos os seus mandatos), abriu os portos, derrubou as tarifas alfandegárias. Resultado: As empresas brasileiras entraram em choque com o mercado externo e faliram, uma após a outra, num efeito dominó. O desemprego foi às alturas. A miséria ao extremo! A inflação? Voltou com “super força”, aumentando ainda mais o abismo em que o país havia caído. O resto da história todo mundo conhece: impeachment...

Então vamos agora fazer um “flashback” e analisar Collor como governador de Alagoas e prefeito de Maceió.

Quando ascendeu ao poder no nosso estado, resolveu enxugar a máquina pública. Acabou com secretarias, extinguiu órgãos governamentais e adotou a política do Estado Mínimo. Nos seus slogans para a presidência dizia ser o “caçador de marajás”, mas foi apenas o “caçador de professores”. Elle talvez tenha sido o pior governador que Alagoas já teve, pois simplesmente esqueceu a importância da educação para o desenvolvimento do estado. A classe docente foi dizimada por elle.

O pessoal do setor bancário do estado (que nunca recebeu seus direitos trabalhistas desde que o banco fechou) foi praticamente exterminado, abandonado à própria sorte em meio a um mar de dívidas e fome. Perdemos o Produban, o banco do estado de alagoas, mesmo com a promessa que Vossa Excelência, Collor, havia feito, de cobrar a dívida do setor açucareiro para com o banco. É claro que tudo não passou de falácia.

A criatura nasceu no Rio de Janeiro (apesar de ser associado a nós por todo o país), foi educada por lá e em Brasília, portanto pouco tem a ver com o estado pobre do nordeste que elle ajudou a atrasar ainda mais. Se Collor teve a proeza de atrasar o país em 10 anos, elle também teve a capacidade de atrasar Alagoas em 100 anos, pelo menos.

Chego aqui ao final do breve histórico da figura. O texto acima elenca algumas das barbaridades cometidas pelo famoso Collor... Um discurso breve, que traz apenas um pouco do que ele fez contra nós.  
Quando for votar, pense bem sobre o que quer para nosso estado. Não merecemos naufragar novamente com elle...

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

sábado, 7 de agosto de 2010

Hiroshima e Nagasaki: o holocausto nuclear!

Nos dias 06 e 09 de agosto de 1945 o mundo ficaria horrorizado. A Segunda Guerra Mundial  estava praticamente vencida pelos aliados, mas mesmo assim o apocalipse se afigurou diante de todos. Os EUA instalariam o horror nos japoneses com a destruição de duas cidades do seu arquipélago. As armas utilizadas seriam as bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki. 

Em questão de segundos, as duas cidades sumiriam completamente em nuvens de pó, fumaça e radioatividade, e entrariam para a história como as primeiras cidades (e únicas até hoje) atingidas por um artefato nuclear. Cerca de 300 mil pessoas morreriam nesses dois dias infames e milhares de outras em anos posteriores devido à exposição à radiação.

Para os "yankees" essa foi a única maneira de vencer a guerra de forma rápida e poupar a vida de até um milhão de norte-americanos com a invasão do Japão. Para o mundo, apenas a irresponsabilidade, a falta de humanidade e a demonstração de força de uma nação egocêntrica e paranóica, que buscava mostrar aos soviéticos quem davam as cartas no mundo.

Hiroshima antes e depois da explosão

Quem anda pelas ruas de Hiroshima, no Japão, hoje em dia, não encontra vestígio algum de que aquela cidade sumiu do mapa, literalmente, no passado. Ela é uma das mais importantes do arquipélago japonês e uma das mais famosas do mundo também. Os efeitos da bomba ali foram arrasadores, pois a cidade tinha um relevo plano, que facilitou a propagação da onda de calor e destruição. Muitos corpos jamais foram encontrados, apenas suas sombras nas calçadas. Cerca de 200 mil pessoas morreram na explosão.

Nagasaki, um pouco menor, é muitas vezes “deixada de lado” nos relatos da destruição causada pelas bombas. Os efeitos da destruição nela foram menos impactantes por ter sido construída numa região com serras e montanhas e também por parte de sua população ter sido evacuada dias antes, devido a ataques convencionais americanos. Ainda assim cerca de 80 mil pessoas pereceram com a explosão nuclear.

Nagasaki antes e depois da bomba

Os EUA, na tentativa de apagar o mal que fizeram e buscando um ponto de apoio capitalista na Ásia, lançaram uma série de programas de investimentos públicos e privados para a reconstrução do Japão e das cidades destruídas pelas bombas. Hoje, o único vestígio do que aconteceu em Hiroshima, é a preservação de um prédio conhecido como a "cúpula da bomba atômica" e um museu em homenagem aos mortos e desaparecidos na tragédia.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

História das guerras - Demétrio Magnoli;
Era dos extremos - Hobsbawm;
Uma breve história do século XX - Geoffrey Blainey.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A Amazônia é nossa sim!

O Povo brasileiro tem que se cuidar. Os EUA querem roubar a Amazônia dos brasileiros de qualquer forma. Em Roraima, o nosso querido estado do Norte, há mais estrangeiros que brasileiros e em breve perderemos todo o território norte do país para os yankees. Afinal, sua base militar na Colômbia é o ponto de embarque para o ataque à nossa soberania. Até os índios de lá preferem os americanos e proíbem a passagem de brasileiros. Não podemos esquecer também, que nos EUA distribuem-se mapas nas escolas, onde a Amazônia não pertence ao Brasil.

Gente... É tudo bobagem!!!

Essa história surgiu há alguns anos em um e-mail enviado por um “Zé ninguém” e se espalhou de forma viral pela rede. Todo mundo o recebia e repassava, sem ao menos imaginar que aquilo era apenas falácia. Para complicar a situação uma pesquisadora da USP o repassou ingenuamente, e acabou sendo considerada co-autora do texto. Resultado: A polícia Federal a procurou para tirar satisfações.

A verdade é que, ao contrário do que diz o texto, há grande quantidade de brasileiros vivendo em Roraima sim: Cerca de 60% da população que vive lá nasceu no Brasil. Os índios citados pela mensagem bloqueiam as rodovias durante a noite para preservar a vida selvagem da floresta e garantir a caça para seu povo.

Para quem duvida que há brasileiros em grande número em Roraima, basta lembrar do recente caso da reserva indígena “Raposa Serra do Sol”, onde houve grande embate entre brasileiros e índios sobre quem poderia continuar na região, provando que os brasileiros estão lá e lutam por suas terras. Cerca de 46% do estado é reserva indígena, mas controlada pela FUNAI e não por estrangeiros.

A lenda urbana de que nos EUA distribuem-se mapas nas escolas onde o Brasil está sem a Amazônia, há muito já foi desacreditada. Portanto, a floresta é nossa sim! Caso alguém receba essa mensagem de e-mail, não a repasse, a exclua! É um bem que se faz a nós todos...

-- Thiago Amorim

Para saber mais:


domingo, 1 de agosto de 2010

Agosto

O mês de agosto deve seu nome ao primeiro Imperador, de fato, de Roma: Augusto. Sobrinho neto do grande Júlio César obteve o direito de tomar para si o mês de Sextilis adaptando-o para o seu nome e glória. 

Antes de ter sido alterado, o mês tinha apenas trinta dias, mas de forma a igualar-se ao seu antecessor, Augusto ordenou o acréscimo de um dia, dia este que seria retirado do mês de fevereiro que então passou a ter 28 dias. A solução foi boa, pois garantiu que o calendário não sofresse nenhuma alteração de ordem maior.

-- Thiago Amorim

domingo, 18 de julho de 2010

As mil e uma noites


Desde criança sempre ouvi falar sobre as histórias das mil e uma noites, mas nunca tive a oportunidade de ter acesso à obra em si. Há alguns anos, soube que haveria um relançamento em português, apresentado por Malba Tahan, e me interessei para comprar, mas como na época não tive a oportunidade de encontrá-la, fiquei apenas na vontade.

Eis que depois de uns cinco anos de espera, finalmente encontrei os dois volumes disponíveis e por um preço bem acessível. Desde então tenho me maravilhado com Sherazade, suas belas histórias, e o encanto do Sultão Shahriar pela bela e inteligente Sultana.

A história começa com a vida de dois irmãos Sultões, que após serem traídos por suas esposas resolvem fugir dos seus reinos. Ao ver que não apenas ambos sofrem por amor e traições dispõem-se a voltar aos seus países de origem e optam por um estilo de vida diferente. O mais rico dos dois, Shahriar, toma a decisão de casar todos os dias e matar a própria esposa na manhã seguinte.

Uma grande onda de terror impera então por todo o seu reino, e Sherazade, filha do Grão-Vizir da corte, apaixonada e comprometida a acabar com o sofrimento de pais, mães e filhos, pede permissão a seu pai para casar-se com o Sultão. Após muita relutância do pai, que temia sua morte certa, consegue por fim seu intento e constrói um elaborado plano com sua irmã Dinazade para conquistar seu amor e findar com o suplício do povo: Todas as noites, antes do raiar do dia, Dinazade deve pedir a sua irmã para contar-lhe uma história, que astutamente não terá fim desde que Shahriar aceite que Sherazade sobreviva até a próxima noite, permitindo que a Sultana sobreviva indefinidamente.

O Clássico da literatura árabe traz as histórias mundialmente famosas de “Ali Babá e os quarenta ladrões”, “Aladim”, “Simbá” entre outras ainda mais belas e surpreendentes.

O livro baseado na versão de Antoine Galland, amplamente traduzida em todo mundo, conquistou fama e simpatia do Ocidente por ter escolhido as melhores e mais belas lendas da infinitamente reproduzida obra “Mil noites e uma noite” original.

Dica de leitura para qualquer hora, em qualquer lugar...

-- Thiago Amorim

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Juazeiro e o Padre Cícero


Este ano estive em Juazeiro acompanhado de minha mãe, meu irmão mais velho, minha avó e o meu padrasto. Nunca pensei em ir até lá em toda a minha vida, mas como não faria nada no fim de semana e fui convidado por minha mãe a viajarmos juntos, resolvi ir também. A viagem foi divertida, mas só agora resolvi escrever sobre o lugar, o Padre Cícero e a economia da região...

Reza a lenda popular que há mais de um século aconteceu uma coisa surpreendente em uma pequena e esquecida vila do Ceará. O pároco do lugar, ao preparar a hóstia para a eucaristia e servi-la a uma freira, assustou-se quando de repente aconteceu um suposto milagre: a hóstia transformou-se em sangue.


Os presentes que testemunharam o acontecimento espalharam a notícia rapidamente e, de pessoa em pessoa, em breve a notícia chegara ao Bispo, que então, resolveu enviar uma comissão investigativa sobre o caso. Enquanto a tal comissão não chegava, o “milagre” foi presenciado por outras pessoas, trazendo cada vez mais poder e fama ao padre da região, o padre Cícero Romão Batista.

Dotado de grande inteligência e astúcia, Cícero conquistou um grande séquito de seguidores chamados romeiros, que a cada ano se destinavam a cidade de Juazeiro para prestar-lhe homenagem e pagar penitência. A chegada da comissão e a alegação de que seus milagres eram fraude, não foram suficientes para deter o movimento que veio a se tornar uma das mais famosas tradições nordestinas. De diversos lugares ainda hoje, milhares de pessoas, todos os anos se dirigem a Juazeiro com o objetivo de pagar promessas e visitar a terra do “santo padre”.


Em alguns anos, Juazeiro se tornaria cidade, tendo o padre como primeiro prefeito. Seu poder tornou-se tamanho que a política do estado passou a ser ditada por si. Mesmo com a tentativa do governo de derrubá-lo, o povo o defendeu e o salvou do exército. Por esse tempo, Cícero já não era mais padre (o Vaticano o havia expulsado da igreja), mas seus seguidores não o abandonaram. O padre morreu em 1934 aos 90 anos de idade.

Após sua morte, os romeiros não deixaram de visitar Juazeiro, que se tornou uma espécie de “Jerusalém” do sertão, “a terra prometida” dos pobres nordestinos. Em todos os lugares da cidade encontram-se pessoas vendendo estatuetas, chapéus, bolsas, e até mesmo água com o nome do padre. A economia inteira é regida por seu nome. Existem diversas igrejas e alguns museus sobre Cícero. O engraçado é que quando estive em um deles me senti em “Asa Branca”, a cidade fictícia da novela “Roque Santeiro”, com as beatas contando a história do santo e o povo abobalhado acreditando em tudo o que lhes diziam. Eu e meu irmão demos boas gargalhadas comentando esse fato.


O museu, apesar de pobre, contém as relíquias do “santo”: roupas, obras literárias (muitas delas em francês) e a mobília de sua casa.

Passamos dois dias em Juazeiro, tempo suficiente para minha mãe e minha avó pagarem suas promessas, e então voltamos a Santana. Assim acabou nossa viagem.


Quanto ao fim da história do padre, ele conseguiu boa parte de seus desejos. A cidade prosperou e graças ao seu nome se tornou famosa em todo o país. O simples e pobre rapaz do interior do Ceará conseguiu o prodígio apenas destinado aos grandes homens da história: Tornou-se imortal, será lembrado para sempre.

O outro desejo é um pouco mais complicado. Apesar de haver hoje um movimento para que a Igreja o reconheça como Santo é pouco provável que isso aconteça num futuro próximo...

-- Thiago Amorim

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Julho

O mês de julho recebeu seu nome em homenagem ao Imperador romano Júlio César (o título não é original, pois o primeiro imperador, de fato, foi Augusto, seu sobrinho neto). Para quem não se lembra das aulas de história, uma das medidas tomadas durante o seu governo foi reorganizar o calendário romano. O mês correspondente se chamava “quintilis”, quinto mês do antigo calendário, que tinha o início do ano em março.

É um mês muito importante para a sociedade ocidental, pois marca eventos importantíssimos para a sua história. Temos a revolução e independência dos EUA no dia 04 de julho 1776, e a Revolução Francesa no dia 14 de julho de 1889, marcado pela tomada da Bastilha em Paris. Os resultados dessas duas revoluções foram a completa reestruturação geopolítica mundial, a tomada do poder pela burguesia e a queda da aristocracia como classe dominante. No dia 20 de julho de 1969 o homem pisou pela primeira vez na superfície da lua.

A nível local é o mês da Festa da Juventude em Santana do Ipanema, uma das festas mais conhecidas do estado, e também da festa de Santa Ana.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

“A era das revoluções” – Hobsbawm;

“A origem de datas e festas” – Marcelo Duarte;

domingo, 6 de junho de 2010

O dia D




Os russos, com sua implacável máquina de guerra, obtinham vitórias gigantescas na frente leste e marchavam inexoravelmente rumo a capital alemã. O Terceiro Reich tinha muito pouco a fazer a respeito disso. Em breve, o conflito, que se arrastava desde 1939, teria seu prazo de validade vencido também na frente ocidental.

No dia 06 de junho de 1944, exatamente há 66 anos, uma reviravolta surpreendente na guerra faria os alemães perderem a pose e entregar-se aos aliados. As potências ocidentais, em especial os EUA, a Grã-Bretanha e os refugiados franceses, preparavam um ataque de proporções nunca antes visto na história. O episódio ficaria conhecido como o “Dia D”, levando até as praias da Normandia um contingente gigantesco de soldados, aviões, navios e tanques de guerra.

A partir dessa data, os países europeus no lado ocidental do continente, começariam a ser liberados do julgo nazista. De Gaule, o General francês, marcharia sobre o estado fantoche de Vichy (criado após a capitulação francesa em 1940) e libertaria completamente a França. Paris seria libertada em agosto de 1944. Em seguida seriam libertadas, a Bélgica e os Países Baixos (Holanda), levando a máquina aliada diretamente para a Alemanha, aonde com a chegada dos soviéticos a Berlim, viria a conclusão da guerra em 1945.

Apesar de ter garantido a queda definitiva de Hitler (que estando em situação periclitante precisou lutar em duas frentes mais uma vez) e ser lembrado como o maior evento da Segunda Guerra Mundial, a verdade é que o conflito já estava vencido pelos aliados desde a Batalha de Stalingrado, na URSS, em 1942-1943. Era apenas uma questão de tempo e a Alemanha capitularia. O maior legado, contudo, é ter freado o avanço do comunismo pelo continente Europeu, antecipando o evento que mais tarde ficaria conhecido como Guerra Fria.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

História das guerras – Demétrio Magnoli

sábado, 5 de junho de 2010

Jerusalém






Há cerca de 5.000 anos os cananeus se instalaram na região do oriente médio e fundaram uma cidade que durante milênios iria interferir na história mundial: Jerusalém. A partir daí, uma série de guerras, tratados, negociações de paz e um imenso banho de sangue acompanhariam a história desse lugar.

A região da Judéia passou por diversas mãos. Os primeiros foram os cananeus, sendo seguidos pelos filisteus, jebusitas, hebreus, babilônicos, persas, macedônios, gregos, romanos, sassânidas, bizantinos, califados omíada, abássida e fatímida, seljúcidas, francos, mamelucos e por fim os turco-otomanos. Mas porque tanto sangue derramado pela posse de uma cidade?


A cidade de Jerusalém é importante espiritualmente para os Judeus desde a formação dos estados hebreus. Para o Ocidente ela passa a ser importante após a adoção do Cristianismo pelo Império Romano no século IV, e para os muçulmanos a partir do século VII através dos ensinamentos do profeta Maomé.

Segundo a tradição, o local havia sido escolhido pelo próprio Deus para que seu povo se instalasse e construísse o paraíso na terra. Abraão, o grande patriarca bíblico, teria se acomodado ali e vivido durante alguns anos. Posteriormente, havia saído da região rumo ao Egito devido a uma enorme seca. Apesar de inicialmente se dar bem com os egípcios, o povo hebreu acabou se tornando cativo deles, até que fosse libertado por Moisés alguns anos depois.


Começava aí o período descrito na Bíblia como o “Êxodo”, quando todo o “povo de Deus” viveu vários anos perdido no deserto em busca da terra prometida. Chegando ao destino final, se depararam com novos povos ali vivendo e após séculos de guerra conquistaram toda a região formando o reino unido de Israel e Judá, posteriormente dividido em dois reinos: Israel ao norte e Judá ao sul, ambos nem um pouco amistosos entre si.

O reino de Israel acabou sendo conquistado pelos assírios no século VII a.C. fazendo com que Judá sofresse as agruras do domínio estrangeiro em pouco tempo. Seria finalmente conquistado no século VI a.C. pelos babilônicos e após alguns anos todo o povo transformado em escravo. Apenas após as conquistas de Ciro, da Pérsia, e Alexandre, o Grande, da Macedônia eles retornariam às suas terras e voltariam a organizar um governo no reino de Judá. Apesar dessa autonomia, os governantes gregos manteriam controle sobre a região. Em 70 d.C. Jerusalém seria completamente arrasada por legiões romanas e o estado Judeu destruído. Seu povo se espalharia pelo mundo em um evento conhecido como “Diáspora”. A essa altura, os Hebreus já eram conhecidos como Judeus.

A cidade “santa” de Jerusalém sofreu durante a história 23 sítios, duas destruições completas, 52 ataques, e 44 conquistas e reconquistas. É atualmente responsável pelo conflito mais complicado e intricado no planeta. Os cristãos, após perderem-na com a queda do Reino de Jerusalém no século XIII, “desistiram” de lutar por ela e se concentraram em Roma. Os judeus a reivindicam para si e para o seu estado, os muçulmanos para os palestinos e o povo do islã. Apesar de haver tanta mágoa entre os dois lados, historicamente ambos eram unidos. Durante as cruzadas, judeus e muçulmanos lutaram lado a lado para defender a terra santa dos invasores cristãos.

O conflito atual, deriva da política surgida na era imperialista européia, quando um número cada vez maior de judeus começou a emigrar para a palestina. A essa época, a região fazia parte do Império Otomano e tinha maioria muçulmana.


Depois da Primeira Guerra Mundial e a dissolução do Império Otomano, os árabes esperavam obter do governo britânico a formação de um estado para si pela ajuda que prestaram durante o conflito. Eles exigiam a diminuição do número de imigrantes judeus para a região, coisa que os ingleses não puderam fazer. Na verdade, os britânicos já haviam prometido aos judeus, embora de forma ambígua, a criação de um estado independente. Assim, diante do impasse, em 1923, a Inglaterra dividiu a região em duas zonas administrativas e manteve os judeus por lá. Os árabes não aceitaram a decisão, pois temiam perder espaço para os judeus. Nessa época começam os conflitos armados entre os dois povos e os primeiros homens-bomba aparecem.

A ascensão do Nazismo, e a perseguição européia aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, vão levar a criação do estado de Israel em 1948. Os árabes ficam inconformados com isso e vários países da região declaram guerra à nova nação. A guerra duraria quase dois anos, mas seria vencida por Israel que, dessa forma aumentaria suas terras. Outros conflitos acompanhariam ambos os lados até os dias atuais.

Um dos grandes entraves para um acordo de paz definitivo, é que Jerusalém é considerada por ambos sua capital e, portanto é indivisível. Além disso, a “cidade Santa” contém relíquias das três religiões mais importantes do mundo, que incluem a mesquita de Al-aqsa (e a cúpula da rocha), o Muro das Lamentações e a Basílica do Santo Sepulcro. Muçulmanos e cristãos compartilham da ideia de que Jesus foi um messias bíblico, mas os Judeus não. Outro ponto de conflito é que, segundo a tradição, onde hoje está o pátio das mesquitas (cúpula da rocha e Al-aqsa) localizava-se o templo de Salomão. Os judeus também defendem que o seu povo colonizou a região e fundou os estados de Israel e Judá antigos, mas os muçulmanos lembram que antes deles outros povos existiam e acreditam ser descendentes desses últimos.

Poucos lugares no mundo têm tanta importância para tanta gente. Jerusalém é o símbolo da fé para três religiões que convergem a um mesmo ponto: embora pareçam distantes em suas crenças, Cristãos, Muçulmanos e Judeus acreditam no mesmo Deus. Eles até compartilham os mesmos profetas (com a exceção de Jesus e Maomé).

Apesar de parecer insolúvel, talvez a solução do conflito seja mais simples do que se imagina. Quando todos perceberem que um único Deus, criou um único povo, Jerusalém finalmente transformar-se-á na verdadeira "Terra Santa”.

--Thiago Amorim

Para saber mais:

Jerusalém: Uma cidade, três religiões – Karen Armstrong;

História das cruzadas vol. I, II e II – Steven Runciman;

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Junho



O significado do nome do mês de junho pode ter duas definições. Pela primeira, homenageia a antiga Deusa Juno, esposa do Deus Júpiter e, portanto, rainha dos Deuses. Esta era considerada a protetora dos casamentos e do ciúme. A deusa equivalente na mitologia grega é Hera, esposa de Zeus.

Diz-se ainda que o nome Junho possa derivar de um antigo poema denominado “Fasti”. Nele o nome vem de “iunioris”, em latim significando “mais jovens”, em oposição a maio, que derivando de “maiores”, significa “anciãos”.

É um mês importante, pois é quando ocorre o solstício de verão no hemisfério norte. As festas pagãs desse evento, realizadas em diversos lugares da Europa, deram origem aos festejos juninos atuais, através do processo de aculturação feito pela Igreja Católica, para destruir e apagar a influência dos antigos deuses.

Não é de se estranhar, portanto, que os três santos católicos comemorados, Santo Antônio, São João e São Pedro, são padroeiros do casamento, das viúvas e dos “desesperados para casar”. 

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

A origem de datas e festas - Marcelo Duarte