sexta-feira, 9 de setembro de 2011

As intermitências da morte


O primeiro livro que li do Saramago me deixou confuso. Sim, confuso. E confuso pelos sentimentos, pelas emoções que senti enquanto o lia. Mais tarde um amigo iria me dizer que aquele era o mais simples entre todos do autor, o que menos despertava interesse no leitor. Eu não concordei com ele, é claro. O tal livro, “Ensaio sobre a cegueira”, deu origem a um filme, muito bom também, e que foi visto por milhões de pessoas. Um conselho? Leia o livro primeiro e veja o filme depois!

Mas não é sobre esse livro que quero falar, e sim sobre o que li recentemente, “As intermitências da morte”. O livro começa assim: “E no dia seguinte, ninguém morreu.” Quer começo mais chocante? Mais incentivador? Passado o júbilo diante do fato, o país fictício criado por Saramago, vê-se diante de uma crise interminável. O que fazer com os “não-mortos”? O que os “mortos-vivos” sentem ou pensam? E por fim, onde está a morte?

A morte, por sua vez, não dá as caras por um longo tempo, e um grupo é criado para se livrar dos novos “indesejáveis”. A “máphia”, com ph mesmo, para diferenciar-se da outra, traz uma solução, que apesar de promissora no início, trará no futuro problemas diplomáticos terríveis, com iminência até mesmo de guerra. No fim, não é só a população que sofrerá com o sumiço da morte. Em breve, ela mesma perceberá as consequências de sua decisão.

Numa sátira incrível e bem humorada, Saramago nos faz pensar sobre política, religião, e relações humanas. E também perceber que o que vemos como grandes problemas, como a morte, por exemplo, pode ser o que mais desejamos.

Depois de meses com apenas dicas “indiretas” de livros, eis uma bem “direta” agora. É tão bom que o li em um dia apenas!

-- Thiago Amorim

P.S. No fim das contas foram duas dicas! Ou seriam três? 
Abração...

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