quinta-feira, 15 de abril de 2010

Brasília


Os planos para a interiorização da capital do Brasil se estendiam desde os tempos em que éramos apenas uma colônia portuguesa. O Marquês de Pombal (o mesmo que expulsou os jesuítas) defendia abertamente a interiorização.

Como sabemos, Salvador permaneceu com o poder administrativo colonial até 1763, quando a sede foi então transferida para a cidade do Rio de Janeiro por questões econômicas. Contudo, dois fatores pesavam para a instalação da capital no interior: segurança e integração. A capital estando no litoral brasileiro tornava-se muito propícia a invasão em caso de guerra e o país também precisava desenvolver os estados mais a oeste e norte, integrando-os a economia. Mesmo assim, após a independência do Brasil, o Rio de Janeiro continuava a ser a capital.


Durante o século XIX cogitou-se a possibilidade de haver a mudança, inclusive com visitas ao local onde hoje se encontra a moderna cidade. O terreno foi localizado e demarcado entre 1891 e 1894, para uma futura instalação e construção, mas os planos foram mantidos paralisados.

A ideia só tornaria a voltar após 1922, e se efetivar ainda mais tarde, com o governo do Presidente Juscelino Kubitschek. O seu “plano de metas” (o famoso “50 anos em 5”) incluía a construção e transferência da capital para o interior do país. Um programa arrojado e ambicioso foi desenvolvido, incluindo a construção de toda uma infra-estrutura e logística para possibilitar a ocupação e o funcionamento da capital em seu novo ambiente (plano criticado por priorizar as rodovias e não as ferrovias).

Os trabalhos iniciaram-se com o lançamento do concurso, em 1956, para a escolha do projeto de construção da nova capital. O vencedor, o urbanista Lúcio Costa, contou com os desenhos de Oscar Niemeyer para a maioria dos edifícios públicos da capital.  



Em 1957 as obras foram iniciadas. A construção atraiu milhares de famílias de todas as regiões do país, em especial do Nordeste, que buscavam emprego e melhores condições de vida. Essas pessoas ficaram conhecidas como “candangos”. Com a ajuda desse enorme número de trabalhadores, em 21 de abril de 1960 Brasília estava parcialmente concluída e foi inaugurada por JK. Apesar de ter sido inaugurada, muita coisa ficou pendente na cidade e apenas durante o regime militar a cidade foi finalizada. Ainda assim, alguns órgãos do governo nunca tiveram suas sedes transferidas, como o IBGE por exemplo.


Projetada para acomodar cerca de 600 mil pessoas até o ano 2000, Brasília conta hoje com mais de 2,5 milhões de habitantes. Apesar de sua área central continuar impecavelmente limpa e organizada, as demais cidades do Distrito Federal sofrem com a falta de infra-estrutura e investimentos. Além disso, a cidade conta com poucas opções de transporte e grandes engarrafamentos acontecem todos os dias. Um sistema de metrô foi construído para  sanar o problema, mas é ineficiente e apresenta prejuízos financeiros gritantes para o Estado Brasileiro todos os anos.


A capital que deveria integrar foi muito criticada, pois na verdade afastou os brasileiros das decisões políticas. A transferência da capital trouxe tumulto ao Rio de Janeiro e, como forma de compensar a perda política das classes dirigentes daquela cidade, o Estado da Guanabara foi criado. Este existiu por 15 anos até ser extinto pelo governo militar.


Brasília completa 50 anos no dia 21 de abril de 2010, data escolhida à época de forma que a inauguração coincidisse com a data da Inconfidência Mineira e a morte de Tiradentes.

--Thiago Amorim

Para saber mais:



terça-feira, 13 de abril de 2010

Titanic

No dia 10 de abril de 1912 o navio Titanic foi inaugurado na Inglaterra. Gigantesco, com cerca de quarenta e seis mil toneladas e 269 metros de comprimento, seria o maior e mais luxuoso do mundo até então. Fruto da classe Olympic, da White Star Line, era a “menina dos olhos” da companhia e sua primeira viagem era anunciada com muita pompa. Dizia-se que o maravilhoso navio era insubmergível, que nem mesmo o próprio Deus poderia afundá-lo.

Cerca de 2.200 pessoas, incluindo-se a tripulação, embarcaram no navio em Southampton, Cherbourg e Queenstown com direção a cidade de Nova York. Entre outras acomodações, os passageiros contavam com piscina, academia, biblioteca e quadra de Squash, além do famosíssimo Café Parisiense, o primeiro do tipo em navios de cruzeiro. De financistas a proprietários de estradas de ferro, o suntuoso navio desfilava com a nata da burguesia americana e européia no período mais fascinante vivido por essa classe, a Belle Époque.



Até mesmo os passageiros das segunda e terceira classes dispunham de relativo conforto não encontrados em qualquer outro navio à época. Banheiros exclusivos por cabine eram encontrados nas classes menos favorecidas e podia-se caminhar entre os passageiros da primeira classe (com algumas ressalvas, claro).

A megalomania e orgulho seriam em poucos dias dilacerados. Na noite de 14 de abril o gigantesco navio abalroou um Iceberg comprometendo alguns dos compartimentos estanques. Apenas algumas horas depois, já na madrugada do dia 15, o insubmergível navio iria a pique com 1517 de seus ocupantes. Aproximadamente 703 escaparam.



No primeiro instante em que as notícias alcançaram os grandes centros, poucos acreditavam na tragédia. Até mesmo chegou-se a formar uma multidão no porto de Nova York na terça-feira posterior ao acidente na esperança que o navio atracasse com segurança. A realidade seria mais cruel e traria os sobreviventes com relatos surpreendentes sobre o naufrágio.

Devido à tragédia, as normas de segurança internacionais mudaram, e a partir dessa data os navios deveriam ter botes salva-vidas suficientes para todos os passageiros. As experiências daqueles que sobreviveram à catástrofe mais famosa do mundo se transformaram em diversos filmes, lendas e livros.

O Titanic se foi com apenas "cinco dias de vida”, mas permanece no imaginário popular desde então.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

“As 100 maiores catástrofes da história” – Stephen J. Spignesi

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Abril



O mês de Abril deriva do latim Aprilis, que significa “abrir”. Recebeu esse nome, devido ao despertar da primavera no hemisfério norte nessa época do ano, e portanto o “desabrochar”, o “abrir” das culturas. Sugere-se, entretanto, que o nome também derive da Deusa grega do amor e da paixão Vênus, (Afrodite na mitologia Romana) a qual segundo a lenda teria nascido de uma espuma do mar, que em grego antigo dizia-se “abril”.


O mês é um dos mais importantes para a sociedade ocidental devido à data da páscoa, que em muitos anos cai em abril (importante lembrar: a comemoração da páscoa é móvel por se basear no calendário lunar e não no solar).

Outra data bem conhecida, embora menos importante, e comemorada em diversos lugares do mundo é o dia da mentira, no primeiro de abril. O dia surgiu devido à confusão causada pela mudança dos calendários. Quando o calendário Juliano foi substituído pelo Gregoriano, muitas pessoas continuaram a comemorar o ano novo entre março e abril, com festejos que acabavam no primeiro de abril. A substituição dos calendários fez com que o ano começasse em janeiro, mas muitas pessoas continuaram a comemorar a data na época errada. Dessa forma, sugiram diversas brincadeiras envolvendo a data e seu falso início de ano. Em alguns países o dia da mentira é conhecido como “dia dos tolos” devido a tais eventos.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

A origem de datas e festas – Marcelo Duarte

* Imagem: O nascimento de Vênus - Botticelli